quinta-feira, 2 de abril de 2015

Nacional,mas sem nacionalismo



O  único  caso  em  que o  nacionalismo  é  bem vindo  é quando    a necessidade  de  defender ,por  alguma  razão,os  interesses  nacionais.Fora  isso  nacionalismo é  idealização(de  direita)que  serve  aos  propósitos  conhecidos de manipulação  das massas.
Não    nenhuma  teoria  capaz  de  dar  conta  de  todas  as nações  do  mundo. Quanto  mais  eu estudo  esta  questão  mais  me  convenço de que  Marx e  Engels  ,quando  falavam  em  comunismo  ,se referiam à  Europa  Ocidental,industrialmente  desenvolvida.Para  eles,e  isto  se  verifica  na  abordagem  que  os  dois  fizeram  sobre a  América  Latina(Bolívar),os  outros  povos  eram    sem  história”,povos  caudatários  da Europa  Ocidental.
Eles  padeciam  dos  mesmos  problemas de muitos intelectuais  europeus  de  sua época:o eurocentrismo.
Hoje,no  entanto,o  mundo  possui  125  países,prontos  para  crescer  e  se  desenvolver e  a  questão  da  difusão  do comunismo  sofre uma  modificação,mas  não    quanto  à  complexidade  das  nações.Quanto,também  ao  fato de que o espaço  nacional  não  foi considerado pelos  fundadores  do  marxismo.
Dentro  da  concepção   materialista  ,somente  a  mediação  do  trabalho  era  o    local”  de  libertação  do  homem.Marx  e Engels,como   seus seguidores,não  tinham  noção da autonomia  da  cultura e  das  idéias  como  igualmente  mediações  inelutáveis  de libertação.
Embora , como eu já  disse  antes,tivessem  consciência  da necessidade de  preparação  dos  trabalhadores , esta  só se  referia  aos ganhos reais  que preparavam a  revolução,não  havendo  por  parte  deles  uma  visão  cotidiana  dos  valores,a  cultura  como  finalidade  em si,que  poderia  jogar  um  papel  muito  maior do  que  eles  imaginavam,podendo ,inclusive,barrar a revolução.
Gramsci aprendeu a duras  penas  o  significado  decisivo  da  nação também  para os  trabalhadores,quando  atuava  no jornal  “Ordine  Nuovo”.Certa  ocasião,no  contexto de uma  greve,ele  disse  que  o espaço  nacional  do  proletariado  era a  fábrica.Que a  fábrica  reunia  os  elementos  de  vivência  cultural  dos operários  ,o  que ficou  imediatamente desmentido(causando  danos  à  sua  liderança),quando  os  mesmos  foram  para  casa  resolver  as  suas necessidades  materiais  e culturais.
Progressivamente o  movimento  comunista  notou  que  não    os  operários  deveriam  considerar a  nação  como campo de luta,mas  que  ele  não era  só uma  mediação tática,mas uma  finalidade ,porque  não era mais possível  desconsiderar  os  valores  contidos  na  nação,as  relações  entre  as  classes  e  que  não  haveria  revolução  se  não se  considerasse  o  problema  nacional.
Mudar  a penas  as  relações  de  trabalho  não    conta  das  complexas  realidades  nacionais de cada  país.
Nós  vimos  como  as  relações  sino-soviéticas  azedaram  por  causa  de  questões  nacionais.Na  hora H  as  exigências  de  legitimação interna  dos comunistas chineses  foram  mais  importantes  do quem  a teoria,que exigia  uma   reavaliação do papel d e Stálin.
O s  caminhos  da  URSS,de Cuba e  da China,mostram  que  a exigência  de  legitimação  de  poderes  repressivos,totalitários,recorre  inevitavelmente  ao  nacionalismo,à  idealização.Mas esta seria de  direita?
Para  mim esta  idealização  atende  aos  interesses de  legitimação  política ,num  contexto de  exacerbação  do  programa  social e  por  isso ele  guarda  diferença  com  o   nacionalismo de  direita.Mas  ambos  são ruins.

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