sexta-feira, 27 de março de 2015

Em torno a guevara IV



Esta  frase,do  último  artigo,é  de  Guevara.Ganha  a  batalha  da  Revolução  Cubana,havia,segundo  ele,que construir o    homem  novo,sem o  quê   a  Revolução  não  teria  sentido”.
Contudo,no  pensamento de  Marx,a  revolução  começa,tanto no  plano  subjetivo  como  no  objetivo,no  interior  da  sociedade  capitalista.O  Partido  Social-Democrata  Alemão preparou a  classe  operária  para  o  momento da tomada  do  poder.Esta  preparação    não  é  apenas  quanto à  técnica  da  Revolução,mas  é  uma  mudança  na  consciência  dos  trabalhadores não    na  direção  de reconhecer  o  seu estado de exploração,mas  também  para se preparar  para  o  usufruto  da  sua  libertação.
De  nada  adianta  chegar  ao comunismo  com  uma  mentalidade  distorcida,quiçá  influenciada  pela  visão  dinheirista e  antisolidária  que  o  capitalismo  incute  muitas  vezes  no  operário.Não  adianta  chegar  ao  comunismo  sem  ter  uma  visão  consequentemente solidária,construida  na  luta,nos  anos  anteriores.
Deste  modo, fazer uma  revolução sem  esta  preparação  prévia  é  reproduzir  no  interior  dela  os  problemas  do  capitalismo  que    deviam  estar  superados  e  que uma  vez  que  continuam,  atrapalharão a  marcha  para  o  comunismo,senão  mesmo a  impedirão.
A experiência  demonstra  que  as  revoluções  comunistas(na  minha  opinião  não  o  são-falarei  em outro  artigo),para  prosseguirem  diante  desta dificuldade  essencial,usaram  dos  mesmos  aparelhos  repressivos  do  antigo  regime,o  que  as  descaracteriza  como  revoluções,mas  modalidades  do  fenômeno  a  que  eu já  me referi  antes,a  reação  termidoriana.
Uma  das  modalidades  é  esta,mas  existem  outras,que  eu  considero  mais  afeitas a  definir  no  que  se  tornou a  Revolução  Cubana.Cuba  não é  igual  à Rússia  ou  à  China.Ela  descambou  para  uma  solução  nacional.Às  vezes  ,diante  da  falta de  fundamentos,a  queda  no  antigo  regime  se  faz  em termos  de  um  nacionalismo,que  pode  pender  para a  direita ou  para  a esquerda,podendo  ser  simplesmente  autoritário  ou  francamente  totalitário.
O  nacionalismo de  Getúlio  foi da  direita  para a  esquerda.O  de  Perón  ficou  sempre  à  direita.O  nacionalismo Chinês  é de esquerda,embora  com  francas  concessões  ao capitalismo.
Em  Cuba  nós  vemos um  nacionalismo totalitário,tipicamente  latino-americano.Aqueles  intérpretes   que  vêem  o  nacionalismo  como  reacionarismo,chamam  este  tipo  de  situação de    contra-revolução” e dentro  dos  critérios  que  eu coloquei  no  artigo  sobre  o  Termidor,eu  devo  discordar.
Cuba  é  uma exacerbação  do  pensamento de esquerda.Ele  pode  ,eventualmente,  favorecer à  contra-revolução,mas  indiretamente,pelos  erros  de  uma  politica de cima  para  baixo,um  programa  popular de  cima  para baixo.Ela  está  mais  afeita  ao Stalinismo.
É  justo  e  de  se ressaltar  que  nenhuma  criança  durma  na  rua,mas  quando  crescer  esta  criança  protegida  pelo  estado  vai  viver num  nível de  pobreza  que  viveria  num  país  capitalista  e neste sentido  ,como  eu  falei,indiretamente,os  excessos  acabam  por  provocar  as mesmas  mazelas do  capitalismo.
Se  se olhar  aquele  mesmo  artigo,veremos  os  elementos de análise    que  mostram como  não  existe  no pensamento  de  Marx,”  Revolução Nacional”.A  queda  neste  nacionalismo apresenta  os  mesmos  problemas de  uma  tal  “ Revolução”(que  para  mim  não  o é  também).
A  impossibilidade  do Che  de  fazer  a  industrialização  de  Cuba  é  explicada  por  todo  este  caminho  tortuoso.A  necessidade de  exercer um  governo  totalitário  para preservar  a    Revolução”,diminui  um  elemento decisivo  de  todo  o  progresso  material:a  liberdade  espiritual e  educacional de  criar,de  inventar.
Nós  vemos  que  no desenvolvimento altamente  cruel  da  sociedade  industrial  ocidental,apesar  das excudências,que  devem  ser  denunciadas,a  liberdade  para  qualquer  um  inventar  existia(até  Marx reconhecia isto).Os exemplos  são  muitos:Papin,James  Watt,Edison,todos  analfabetos  que  ,inventando  ,produziram  progresso  material e espiritual.
Fazer  uma  revolução  sem  os  paradigmas  básicos,  causa  estes impasses  e ,embora Guevara  fosse  um  dos  mais  consequentes  revolucionários  marxistas,faltava  a ele  ainda  uma  coisinha  a  mais,que nem  a  capacidade de investimento  da  URSS  seria  capaz  de  solucionar.
A  uma  revolução  feita  assim  é  preferível  uma  atitude  nacional,de compreensão  das  necessidades  nacionais,sem  nacionalismo.

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