quarta-feira, 25 de março de 2015

O revolucionário



A  palavra  revolução  designa  muitas  coisas.Depois de  Hannah  Arendt,  o  seu  significado  é muito  variado.Mas  também  a  época  midiocrática  em  que  vivemos,demonstra  não  poucas  vezes ,o  quanto  um  simples  comportamento  pode  mudar  a  vida  social,pela  difusão  dos  conceitos  eventuais  que  ela  emite.
Não  se  pode  falar  em  revolução  sexual  sem  tocar  no  cinema,na  história  do  cinema,principalmente  estadunidense,que  foi desnudando progressivamente a  mulher  notadamente.
Os  conceitos  foram mudando  na  medida  em  que  os  homens  e  mulheres  públicos ou  notórios(ou  famosos)agiram com  mais  e mais  liberdade.
Assim sendo  não    uma  diferença  tão  grande  entre   Guevara  e  Marylin  Monroe.Claro  que  diferenças existem,mas  ambos operam  mudanças  que  alteram  em  360  graus  o  comportamento  cotidiano  das  pessoas,seja  num  determinado  país  ,como Cuba,seja  no  dia-a-dia  do  mundo todo e na  alcova  também.
O  que  mudou  foi  que a  revolução  não  é só  um  fenômeno  categorialmente  político,mas  cultural.As  revoluções  comunistas  sempre  privilegiaram  o  fuzil.Mao-tsé-tung  consubstanciou  esta assertiva  quando,um  dia,disse  que a  revolução  residia na  ponta  de  um  fuzil.Ao  fazê-lo  cristalizava  o  pensamento  médio  do  revolucionário  comunista  no século  XX.
Geraldo  Vandré,no  Brasil,foi muitas vezes  ridicularizado  pelos  comunistas,por  achar  que  sua  música  seria  capaz  de  fomentar  uma  revolução.Contudo , todos  tiveram,no  final  das  contas,todos  quero  dizer os  militantes,que  admitir  que  o  papel  da  cultura  era  decisiva  na  difusão da revolução,até  facilitando  um  pouco  o  caminho,enquanto  capaz  de  atrair  mais  pessoas  para  a causa.Os  militares  brasileiros  fizeram tudo  para matar  Vandré,porque  sabiam  que  a  sua  música  levava  as  pessoas  para a  rua.
Diz-se  que  a  Marselhesa empolgou  tanto  que  muitas  batalhas  foram evitadas  pela  adesão emocionada  de muitos  setores  de classe  na  Europa,  interessados  em se  valer  e em se  beneficiar  dos  valores  e  possibilidades  contidos  na  sua  música e  letra.
Os  comunistas  ,reconhecendo  tardiamente  o  caráter  de  massa  do  nazismo  ,legitimaram  os seus  processos de  propaganda,inclusive  controlando(como fez  Stálin,que  não  era  revolucionário)a  arte,a  qual  é  uma  forma de  difusão,ainda  mais  eficaz(porque permanente)de idéias.
Também  a  revolução  comunista  sempre  dissociou a  Revolução  Francesa  do  Iluminismo  Francês,mas  um  não  existe  sem  o  outro.
Então  o  revolucionário do  futuro  não será  alguém  necessariamente  apto a  empunhar um fuzil  somente,mas a manejar a cultura,a  qual,como vimos,tem um  caráter de  precedente preparatório de  sua  eclosão eventual.
E  mais  ainda,diferentemente  do  que  pensava  um revolucionário  como  Guevara,não  se  produz  o  novo  homem  da  revolução  depois  dela  acontecer,mas  antes.

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