domingo, 27 de setembro de 2020

Um erro pedagógico crasso de Lênin( e de outros aí)

 

Oscar Niemeyer costumava dizer que se a pessoa tivesse 10% de qualidades estava muito bom.Depois afirmou que Lênin pensava do mesmo modo.Mao Tsé tung teria dito em certa ocasião que ele fazia revolução com o que tinha de material humano,sem questionamentos,inclusive de caráter moral.

Não sei efetivamente se Lênin disse isto,mas esta citação revela um pouco sobre o que se entende como pedagogia associada à revolução socialista,mas também às conepções típicas de nossa época,que ainda causam mal-entendidos.

Certa vez no sindicato dos professores do Rio de Janeiro eu disse que as condições prévias educacionais do Brasil não eram iguais às da Europa e fui tachado de seguidor de Berlusconi,que havia feito aquela afirmação sobre a superioridade do continente.

O que eu disse e digo agora contra todos estes personagens nomeados aqui é que o homem não é um ser dissociado do tempo e das condições históricas em que nasce.Em princípio,todo povo e toda pessoa tem condições de aprender e evoluir pelo esforço,mas as condições histórico-temporais jogam um peso muito importante na decisão de crescer educacionalmente.

Os socialistas e comunistas são igualitários e tiram desta “ democratização” dos povos e pessoas a motivação para os esforços de construção da utopia e do novo homem,mas os homens são desiguais e são influenciados pelas referidas coordenadas temporais, a herança que cada geração recebe ,mediatizada sempre por questões de classe ,geográficas,mas nunca raciais,genéticas etc.

Eu trago este assunto aqui para mostrar que não adianta querer,pela força,que se estrutura neste igualitarismo,obrigar a sociedade a evoluir ,porque diante de uma situação social/sociológica determinada é praticamente impossível mudar uma geração já fixada e é preciso jogar com as possibilidades da geração seguinte.

Os bolcheviques fracassaram na questão da mudança econômica da URSS exatamente porque achavam que pura e simplesmente,com a oferta de melhores meios para os camponeses isto os faria produzir mais ,mas pelas razões supraditas camponeses acostumados à enxada não tiveram como aprender algo novo.Esta é a base social inevitável da coletivização forçada,que pegou uma parte dos camponeses irredutíveis e os obrigou a agir segundo as determinações do estado; e aqueles que ainda podiam se modificar foram deixados em semi-liberdade.

Na Portugal socialista da revolução dos cravos as tentativas de criação de cooperativas esbarrou no exclusivismo dos camponeses e na necessidade deles de posse dos seus instrumentos de trabalho para produzir pelo menos o essencial.Os comunistas hegemônicos em 1975,quiseram fazer um movimento idêntico ao que a burguesia fez na Inglaterra do final do século XVII,tida por Marx como a origem violenta do capitalismo industrial moderno:as fiações individuais e caseiras foram renuidas em locais próprios,financiados por endinheirados ,que,diferentemente do que acontece no socialismo fizeram um aporte de capital.Os fiandeiros individuais perderam os seus instrumentos de trabalho,em favor de um salário.No projetado socialismo português isto não foi para a frente por que os camponeses não aceitaram esta expropriação e porque os comunistas não investiram em nada novo.

E estas considerações significam mais um termo de igualação entre o totalitarismo de direita e o de esquerda:as hipérboles fascistas sobre a luta individual,a competição e vitória dos mais fortes acaba não sendo diferente dos questionamentos da esquerda,porque quando alguém como eu mostra as eventuais dificuldades que uma pessoa,uma criança,em aprender ,os militantes acusam de fascistas e as pessoas de fracas e de preconceituosas,supondo a incapacidade da pessoa,por razões de raça ou condição social.Uma vitimização que favorece certas vanguardas,que igualando desiguais,manipulam melhor certos grupos ,que ficam no mesmo lugar,na mesma situação social,sem se emancipar e ultrapassar estas vanguardas e na exaltação romântica e idealizada do pobre,do miserável.Um insight rousseauista no mundo moderno...




domingo, 13 de setembro de 2020

Laços de Família Marx,nem anjo nem demônio

 

Estes filmes sobre Marx sempre se restringem à sua juventude.Biografias escritas completas tratam da vida toda,mas porque ninguém as lê e eu nunca vi nenhuma que mostrasse aspectos menos airosos da trajetória pessoal de Marx.Certo: sempre há uma justificativa de não tratar de problemas pessoais e este critério seria absoluto e exigivel sempre,se não houvesse uma exploração politica por trás do endeusamento de Marx , dentro do culto à personalidade de Stalin.

Como muita gente segue este endeusamento,principalmente jovens radicais que associam a utopia de Marx (que não é só dele) ao bem estar absoluto da humanidade,deve-se fazer uma devassa cautelosa ,mas firme na vida de Marx e provar o óbvio:que ele era uma pessoa somente.

Logo na época do filme sobre o jovem Marx,após a revolução de 1848,precisamente 1851,Marx ficou separado de sua esposa Jenny von Westphalen.Jenny foi pedir ajuda para a situação da família ,atingida pela derrota de 1848.

Em 1890, numa carta,Eleanor Marx,filha caçula explica a Laura sua irmã mais velha, as circunstâncias em que ocorreram os fatos biográficos que narro aqui.Eu reproduzo um texto em espanhol do livro de J.c.Ruiz Franco,” El bastardo de Marx”.

Todo comenzó cuando, en agosto de 1850, mi madre viajó a Holanda para pedir
ayuda económica al tío de mi padre, Leon Phillips.”

Eleanor cita um bosquejo de biografia de Jenny sobre seu marido:
“De Breve bosquejo de una vida memorable (de Jenny Marx)
En agosto de 1850, aunque estaba lejos de sentirme bien, decidí dejar a mi
hijo enferme e ir a los Países Bajos para obtener ayuda y consuelo del tío de Karl (…) El tío de Karl estaba muy mal dispuesto debido a los efectos
desfavorables de la revolución en sus negocios y los de sus hijos, odiaba la
revolución y los revolucionarios y había perdido el sentido del humor. Se
negó a prestarme ayuda, pero cuando ya me iba me puso en la mano un
regalo para mi hijo menor, y vi que le dolía no estar en situación de darme
más (…) Volví a casa con el corazón afligido.”

Eleanor tomara conhecimento de que na ausência de sua mãe ,seu pai Karl Marx teve um affair com Helene Demuth,criada da família.

Assim Eleanor,nesta mesma missiva,explica as razões para este acontecimento:

Supongo que el Moro abordó a Lenchen porque se sentía solo, o tal vez fue
solamente su apetito viril lo que le llevó a acercarse a ella. Sea como fuere, hubo un
affair entre los dos, y lamentablemente para ellos hubo un embarazo que pronto fue
imposible de ocultar a mi madre. En marzo de 1851 vino al mundo Franziska, mi
hermana, que sólo llegó a vivir un año, y en junio sucedió lo inevitable, el nacimiento
del hijo de Helene. Aún me impresiona ver el laconismo de mi madre en sus
memorias al referirse al acontecimiento.

A comienzos del verano de 1851 ocurrió algo de lo que no volveré a hablar,
pero que aumentó en gran medida nuestras preocupaciones privadas y
públicas
Por supuesto, Möhme se refería al nacimiento de Freddy, que vio la luz el 23 de junio
de 1851, en la casa que mi familia ocupaba en el número 28 de Dean Street, en el
Soho . Por lo que yo sé, mi padre era bastante vigoroso, con un fervor sexual
bastante marcado, y mi madre le complacía en la medida de sus posibilidades. A
pesar de nuestras ideas avanzadas, mi padre seguía creyendo en sus derechos y
prerrogativas como varón, por encima de la mujer; por ese motivo tuvieron tantos
hijos, a pesar de su mala situación económica. Lenchen, en cierto sentido, era como
su segunda mujer, ya que se hacía cargo de casi todos los asuntos cotidianos de la
familia. En ausencia de mi madre, con la potencia sexual de mi padre y a su lado una
mujer de treinta años de buena presencia, mi padre tuvo relaciones con Helene, quien
posiblemente accedió con gusto, con el cariño y la admiración que siempre sintió por
el Moro. Mi madre estaba lejos y no tenía por qué enterarse de nada. Pero la
naturaleza les jugó una mala pasada en forma de hijo no deseado.”

Eleanor se refere a estes fatos biográficos de Marx fazendo considerações psicológicas que se aprofundaram no inicio do século XX,quando ela tomou conhecimento inclusive do pensamento de Freud.Na carta acima ela usa memórias de sua mãe,que chama de Mohme,maezinha ,e se refere a Helene Demuth como Lenchen apelido dado a ela pela família.

Freddy é o nome da criança que nasceu desta união breve de Marx com a criada.Eleanor toma conhecimento deste episódio anos depois da morte de seus pais e os confidencia a Laura.

Mas há mais .Tendo havido a concepção da criança ,para não perder o seu casamento com Jenny Marx pediu ajuda a seu amigo leal Engels.Note o leitor que até aqui Jenny não sabia de nada.

Prossegue Eleanor:

A comienzos de 1851, su embarazo era evidente, así que mi padre y ella, en secreto,
tuvieron que inventar alguna explicación. No podían reconocer, ni ante mi madre ni
ante los amigos de la familia, y menos ante la opinión pública, que él era el padre.
Así que el Moro recurrió a su íntimo amigo, conocedor de todos sus secretos, no sólo
para contarle el asunto y con ello aliviar sus penas, sino en busca de ayuda y quizá de
algo más.”
Ela cita uma carta de Marx a Engels datada de 31 de Março de 1851:

De: Karl Marx
A: Friedrich Engels
31 de marzo de 1851
(…) Por último, para acabar de rematar la situación de un modo
tragicómico, existe un secreto que te revelaré en pocas palabras. Pero justo
en este momento me interrumpen y tengo que acudir junto a mi mujer, que
está en cama, enferma. Así que dejaré el asunto, en el que tal vez tengas
cierto papel, para la próxima ocasión.”
E de novo 2 de abril de 1851

De: Karl Marx
A: Friedrich Engels
2 de abril de 1851
Respecto al misterio, no te escribiré nada sobre él, ya que, sin importar lo
que me cueste, te visitaré a finales de abril. Debo apartarme algún tiempo
de aquí.”
E continua a caçula:

El 17 de abril, mi padre viajó a Manchester para pasar unos días con el General(General era o apelido que a família dava a Engels porque ele era estudioso de História militar,pensando inclusive na revolução), lo
suficiente para explicarle el mystère y convencerle del papel que tenía que representar
en la tragicomedia. Dado que el General había estado en Londres hasta noviembre del
año anterior y había visitado con frecuencia la casa de los Marx, habría contado con
oportunidades de tener relaciones íntimas con Lenchen. Además, como mi madre era
sabedora de la situación un tanto irregular del General en lo relativo a las relaciones
de pareja y el matrimonio, creyó que éste era el padre, sin dudar ni un ápice de la
historia inventada. Mi madre, además de estar siempre orgullosa de su origen
aristocrático, era muy conservadora en lo referente al matrimonio y nunca aprobó la
—para ella— escandalosa vida del General con las que ella llamaba concubinas. Así
que, ya que Engels era una especie de libertino, cabía la posibilidad de que hubiera
seducido a la inocente Lenchen para gozar de su cuerpo, y la consecuencia no
deseada era ese visible embarazo que ella mostraba en ese momento. Engels
demostró su lealtad a mi padre una vez más, si bien no accedió a ser el padre a
efectos oficiales, por lo que, cuando Helene inscribió a Freddy en el registro de St.
Anne de Westminster con el nombre de Henry Frederick, dejó en blanco el espacio
reservado para el nombre del padre y le puso su apellido, Demuth.”

Estes relatos são importantes para explicar mais detalhadamente coisas que já são conhecidas há muitas décadas aqui no Brasil.Isto tudo não é um drama terrível a conspurcar a família e o comunismo,mas ele se torna importante diante de um certo moralismo do movimento,que permanece até hoje,juntando uma vida quase divina do “ fundador científico do socialismo” e o comunismo mesmo.

Quando isto foi revelado a resposta aqui no Brasil sempre foi a de relativizar, pondo no contexto temporal a culpa,mas acaso,eu pergunto: tais ocorrências não transcendem a sua época?Não havia em Marx e no movimento um desejo real de prever o futuro, de construir um futuro melhor que já devia valer para os proceres do movimento?Não havia acusações de que estas coisas eram tipicas do comportamento burguês?Esta última conceituação foi permanente no século XX e é por isso que não há filmes sobre o “ velho Marx” só sobre o jovem:isto destruiria alguns dogmas e moralismos de alguns totalitários de esquerda por aí.No fundo o cientificismo se torna um idealismo moral que se transmuda em dogma.Se você não está com a libertação do homem, é uma pessoa imoral,burguesa,reacionária,ajudando a propagação da miséria,mas o marxismo ,a suposta ciência está na história,precisando de valores,paar além da ciência.

Lênin complica tudo,quando,ao liderar a revolução russa ,institui como dogma moral dos comunistas permanecer como tal para a eternidade.Há uma carta onde ele diz;” Não tem esta de ser compnaheiro de viagem,tem que ser comunista a vida inteira”.Muita gente morreu sob tortura por querer contrariar isto aí...

Mas não acabou não:

Jenny von Westphalen soube depois da tragicomédia e viajou para a Alemanha.Ao retornar durante muito tempo Marx e ela não deitaram na mesma cama.

No obstante, mi madre comenzó a sospechar de la historia,
posiblemente porque entre mi padre y Lenchen surgió una especie de lazo íntimo que
antes no existía. Los enemigos de Marx también empezaron a hacer correr rumores.”

e ela cita:

De: Karl Marx
A: Joseph Weydemeyer
2 de agosto de 1851
Puede usted imaginar que mi situación es bastante mala (…) Además de lo
que le he relatado, están las infamias de mis enemigos, que nunca se
atreven a atacarme abiertamente, pero que están intentando vengarse
poniendo en entredicho mi buen nombre y haciendo circular las más
inefables calumnias contra mí (…) Mi mujer, que está enferma, se siente
peor cuando los estúpidos chismosos les hacen llegar todas esas
habladurías. La falta de tacto de algunas personas en este sentido suele ser
enorme.
Así que al final tuvieron que contárselo a mi madre, que sentiría como si recibiese
una puñalada en lo más profundo de su corazón. Su amado marido y su querida
amiga y confidente —más que criada— habían aprovechado su ausencia para tener
relaciones sexuales. Por supuesto, Möhme guardó silencio por el buen nombre de la
familia y por el bien de la causa comunista, pero el suceso debió dejar huella en su
naturaleza enfermiza y su carácter histérico. Supongo que tampoco quiso divorciarse
por esos mismos motivos.

Depois de décadas eu encontrei este texto,que vou analisar ainda mais,proximamente.

A justificativa da esquerda(que eu ouvi de meu pai em 1980)não acabe aqui.A ética ,a psicologia ,a filosofia humanizam mas num determinado momento deve-se reconhecer as faltas reais de Marx,que era um homem cheio de defeitos e cuja exaltação quase religiosa,que não se pode saber se ele aprovaria,é falsa e manipulatória,enganando as pessoas,os militantes, em prejuizo da verdade.Gramsci dizia:” Só a verdade é revolucionária”.


o filho adulterino de Marx