sábado, 18 de novembro de 2017

Simbiose entre comportamento liberal e radical



No Capital ,um dos elementos principais da chamada “ acumulação primitiva” é a rotatividade da força–de-trabalho.Marx explica lá que quando os trabalhadores de uma fábrica adquirem organização,e,por isso,força,são mandados embora e contratados outros,do chamado exército industrial de reserva.
Nos tempos atuais,tanto os liberais como os radicais,por motivos diferentes,apostam numa visão abstrata do trabalhador(Robinson Crusoé).
Os liberais criticavam o marxismo afirmando que aquele que é “competente se estabelece”,não havendo motivo para se dar crédito a esta rotatividade.Quer dizer ,a pessoa é mandada embora necessariamente porque de algum modo é ruim ou o merece.
O liberalismo clássico caminhava e ainda caminha por estrada maldita,mas porque os radicais de esquerda,comunistas,marxistas ,vendem também esta idéia?
Os sindicatos foram criados para evitar esta rotatividade e esta é a sua função precípua.Então porque não lutam mais?
Porque a esquerda “moderna”(mais recente)é filha dos processos termidorianos da URSS e no caso do Brasil esta vinculação é mais patente por causa do desconhecimento real dos textos por parte dos militantes.
O impulso revolucionário de mudança só acaba quando as mudanças são realizadas e não quando se toma  o Estado.
A inevitabilidade do Estado na URSS( contra o pensamento de Marx e Engels)criou uma ideologia “ nova”(luckacsiana)da desalienação que ele,Estado,poderia promover representando integralmente o mundo do trabalho.Se o Estado é para o trabalhador e se suas necessidades e condições materiais são “ sempre” ouvidas e satisfeitas,o mesmo encontra a sua realização.
Marx ,Engels e Trotsky sempre afirmaram que o Estado,não podendo representar de fato a  todos,como dizia Stalin, na Constituição de 1937 ,” o estado de todo o povo”,sempre seria de classe e Engels ,reiterava que o que devia sobrar dele era a sua função meramente administrativa.
Com esta ideologia soviética,muitos militantes,no Brasil,entenderam que a sua presença no Estado brasileiro/burguês,para mudá-lo, dava continuidade a esta ideologia e supostamente ao marxismo dos fundadores.
E eu já expliquei ,muito tempo atrás que ,no processo de abertura,desencadeado pelos militares,a criação dos mestrados e doutorados públicos no país,atenderam a um propósito de cooptação daqueles exilados que voltavam.
Premidos estes pelas necessidades pessoais,aceitariam  entrar nesta pós-graduação,inspirada nos Estados Unidos,em que o saber erudito é substituído pela especialização típica do scholar.Estas “condições objetivas” selaram o descompromisso dos militantes com a mudança.
Neste processo ,a diluição do intelectual humanista e erudito, ajudou na formação desta mentalidade liberal ,segundo a qual a pessoa que atinge um determinado patamar é legitima,quando nós sabemos que num estado capitalista /burguês,dominado por interesses,e num país com um tradição histórica de sua manipulação e privatização,isto freqüentemente não é verdade.
Então o radical de esquerda perde esta capacidade crítica,para junto com o liberal,entender a atividade de trabalho sob o regime de classes como uma competição profissional legítima ,isenta de influência política e social.

sábado, 4 de novembro de 2017

A falácia do “ socialismo num só país”.



Seguindo o artigo anterior nós devemos dizer que Trotsky e Stálin viveram às turras,mas no fundo estavam ligados pelo problema essencial da revolução russa,que se dividia em dois aspectos:o primeiro político,quem poderia e teria condições de suceder Lênin e em segundo a necessidade econômica de garantir a continuidade da Revolução.
Neste sentido,com relação ao segundo item, o problema final do “ socialismo um só país” consigna de Stálin que serviu de mote às  acusações de Trotsky consagra esta constatação.
Isto porque ambos estavam dizendo apenas meias-verdades(como é muito comum no bolchevismo).Quando Stálin,contrariando conselhos que vinham desde o tempo de Lênin ,para fazer uma transição,lançou a idéia de que a URSS devia se agüentar e fortalecer, nunca abandonou o conceito de que a revolução no ocidente retornaria e que a União Soviética,por isso,deveria estar preparada.
É sabido que Stálin usou  o princípio de que as potências ocidentais tentariam destruir a URSS para mobilizar o país.Todos os comunistas ,no mundo todo,diziam isto.Prestes aqui no Brasil cansou de dizer.E a existência da URSS  serviu sim de pretexto para as ações que levariam à 2ª Guerra(por via de conseqüência podemos dizer que se a URSS não estivesse lá talvez a 2ª Guerra não acontecesse).
O pensamento de Stálin se coadunava com o   de Trotsky na medida em que o fomento de guerras poderia ser uma centelha para a revolução internacionalista,que é a proposta do marxismo.O domínio sobre os países do leste ,depois da guerra, foi visto como  resultado  desta estratégia.
E mesmo no final da vida de Stálin a noção ,popularizada pelo Instituto Marx-Engels-Lênin-Stálin,de “ Crise Geral do Capitalismo”(Eugênio Varga),não só fundamentou a luta contra o imperialismo,como dava seqüência   ao pensamento de que a URSS não podia ficar isolada.
A independência das colônias quebraria os paises ocidentais e abriria o caminho para a continuidade da “ Revolução mundial”.Era assim que os comunistas raciocinavam naquele período.
O próximo artigo é sobre o primeiro dos itens propostos neste artigo:a sucessão de Lênin.