No
Capital ,um dos elementos principais da chamada “ acumulação primitiva” é a
rotatividade da força–de-trabalho.Marx explica lá que quando os trabalhadores
de uma fábrica adquirem organização,e,por isso,força,são mandados embora e
contratados outros,do chamado exército industrial de reserva.
Nos
tempos atuais,tanto os liberais como os radicais,por motivos diferentes,apostam
numa visão abstrata do trabalhador(Robinson Crusoé).
Os
liberais criticavam o marxismo afirmando que aquele que é “competente se
estabelece”,não havendo motivo para se dar crédito a esta rotatividade.Quer dizer
,a pessoa é mandada embora necessariamente porque de algum modo é ruim ou o
merece.
O
liberalismo clássico caminhava e ainda caminha por estrada maldita,mas porque
os radicais de esquerda,comunistas,marxistas ,vendem também esta idéia?
Os
sindicatos foram criados para evitar esta rotatividade e esta é a sua função
precípua.Então porque não lutam mais?
Porque
a esquerda “moderna”(mais recente)é filha dos processos termidorianos da URSS e
no caso do Brasil esta vinculação é mais patente por causa do desconhecimento
real dos textos por parte dos militantes.
O
impulso revolucionário de mudança só acaba quando as mudanças são realizadas e
não quando se toma o Estado.
A
inevitabilidade do Estado na URSS( contra o pensamento de Marx e Engels)criou
uma ideologia “ nova”(luckacsiana)da desalienação que ele,Estado,poderia
promover representando integralmente o mundo do trabalho.Se o Estado é para o
trabalhador e se suas necessidades e condições materiais são “ sempre” ouvidas
e satisfeitas,o mesmo encontra a sua realização.
Marx
,Engels e Trotsky sempre afirmaram que o Estado,não podendo representar de fato
a todos,como dizia Stalin, na Constituição
de 1937 ,” o estado de todo o povo”,sempre seria de classe e Engels ,reiterava
que o que devia sobrar dele era a sua função meramente administrativa.
Com
esta ideologia soviética,muitos militantes,no Brasil,entenderam que a sua
presença no Estado brasileiro/burguês,para mudá-lo, dava continuidade a esta
ideologia e supostamente ao marxismo dos fundadores.
E
eu já expliquei ,muito tempo atrás que ,no processo de abertura,desencadeado
pelos militares,a criação dos mestrados e doutorados públicos no país,atenderam
a um propósito de cooptação daqueles exilados que voltavam.
Premidos
estes pelas necessidades pessoais,aceitariam entrar nesta pós-graduação,inspirada nos
Estados Unidos,em que o saber erudito é substituído pela especialização típica
do scholar.Estas “condições objetivas” selaram o descompromisso dos militantes
com a mudança.
Neste
processo ,a diluição do intelectual humanista e erudito, ajudou na formação
desta mentalidade liberal ,segundo a qual a pessoa que atinge um determinado
patamar é legitima,quando nós sabemos que num estado capitalista
/burguês,dominado por interesses,e num país com um tradição histórica de sua
manipulação e privatização,isto freqüentemente não é verdade.
Então
o radical de esquerda perde esta capacidade crítica,para junto com o
liberal,entender a atividade de trabalho sob o regime de classes como uma
competição profissional legítima ,isenta de influência política e social.
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