sexta-feira, 26 de março de 2021

Meu terceiro livro sobre marxismo


 

Esclarecimentos finais sobre Rosa Luxemburg

 

Os meus artigos são polêmicos porque atacam uma corrente de pensamento que teve muito sucesso recente e por isto eu retorno muitas vezes a temas que eu poderia abandonar ,mas que não faço,exatamente para responder às criticas que eu recebo e que certamente continuarei a receber.

Este artigo é final ,mas não definitivo,porque a figura histórica de que trato aqui,Rosa Luxemburgo,está presente permanentemente nas minhas elucubrações.

Contudo,alguns questionamentos eu considero resolvidos em minha consciência:Rosa era uma intelectual que fazia politica,como é comum no marxismo.Esta dubiedade não é nada fácil na vida e especialmente no marxismo.O único politico filósofo que se equilibra bem nestas duas atividades profissionais é Marco Aurelio,o Imperador Romano,mas eu não vou abordá-lo agora.

Neste ruido ,que espouca nesta relação profissional desequilibrada muitas coisas erradas acontecem.O tempo do intelectual,que é mais extenso e complexo atrapalha as necessidades práticas da politica,atividade mais imediata e rápida.Neste sentido Rosa,como tantos outros intelectuais que se meteram na politica(Platão ,no começo da filosofia,inclusive,que fracassou rotudamente),não escapa dos desatinos que esta tentativa de unir teoria e prática provoca.

Até mais ou menos 1916,ninguém sabia como terminaria a guerra de 14/18,que não era compreendida em seu significado histórico por ninguém,na direita e na esquerda.Esta guerra não era ainda vista como a “ guerra para acabar com todas as guerras”,uma guerra mundial nunca vista.Um fato (quase)singular.

Diante desta premissa o posicionamento de Rosa não era diferente da de Engels no século XIX:era preciso apoiar a guerra para não perder contato com os trabalhadores operários, e para (posição de Engels)evitar o perigo ,que vinha desde a época de Napoleão,de hegemonia definitiva da Rússia.

Rosa não apoiou a guerra,ela acompanhou a postura oportunista da II internacional de ficar em “cima do muro”,que no fundo era apoiar a guerra de fato,mas que era entendida,dentro da análise feita acima do significado histórico ainda não assimilado da guerra,como não se comprometer com uma guerra imperialista,de interesse das classes altas só.

E partindo deste oportunismo e admitindo não prescrutar bem o papel histórico da guerra formou-se uma dupla Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht:a primeira defendia a posição dela e a segunda internacional e o segundo a ideia de ficar contra a guerra.

Isto,no entanto,é um truque,que se tornou muito comum,na politica do marxismo.Depois da invasão da Tchecoeslováquia,ao se perceber o declinio do comunismo,muitos partidos(inclusive o do Brasil)entraram por este oportunismo,permitindo que alguns de seus militantes se dissessem não comunistas,o que é meio contraditório,pois uma pessoa que não é mais comunista não tem razão de atuar em um partido comunista.

Com o desenrolar da guerra e a derrocada da Alemanha ,Rosa pendeu mais e mais para a posição radical de Liebknecht e tomou a decisão de fundar o partido comunista da Alemanha,em 1918,sob a forma do spartaquismo,em novembro de 1918.

Embora não houvesse uma intenção de unir a revolução russa com a revolução na Alemanha(projeto acalentado por setores do marxismo),esta decisão ressoou na cabeça dos alemães como tal.Lênin ainda não tinha feito as tentativas de unir as duas nações,como o fará em 1919,pela Hungria de Bela Kun e em 1920,pela Polônia, mas a fundação do spartaquismo foi interpretada desta maneira.

A explicação desta “ translação” de Rosa é aquele ruido,tipico do intelectual,que sempre descolado da realidade prática ,quando a entende,quando entende este descolamento se precipita para acompanhar o movimento.

Se o Partido Social-Democrata,no governo em 1918 contribuiu para o assassinato de Rosa e Liebknecht deve ser responsabilizado sim,mas isto não obscurece os erros fatais de Rosa,que,sem o saber(damos o desconto)ajudou a fomentar o anti-semitismo e o nazismo na Alemanha.