segunda-feira, 27 de junho de 2022

Marx nunca autorizou a revolução na Rússia III

 

Corroborando os artigos anteriores em que desmistifiquei para o público interno aquilo que já era sabido em muitos lugares e por muitos autores,que é o caráter distópico da Revolução Russa,trago um terceiro artigo fundamentando ainda mais com os clássicos do marxismo,esta minha assertiva.

Desta vez exponho afirmações de Engels ainda mais antigas do que as de Marx no final da vida.Trechos de Do socialismo utópico ao científico” confirmam que aquelas afirmações já contidas na Ideologia Alemã e publicadas por mim em A Ponte I,permaneceram como bases teóricas dos dois pensadores a vida deles inteira.Engels diz,num determinado momento:


Quer dizer só com bases objetivas,econômicas ,produtivas,que possibilitem a implantação do comunismo(não socialismo)de maneira rápida e a menos traumática desejável,é que se fará uma revolução.

Na parte de cima da citação de Engels nós vemos a repetição daquele mesmo trecho da Ideologia(parte dedicada ao comunismo)em que Marx se refere ao fato de que uma revolução comunista nacional não tem como prosperar e,fazendo até uma afirmação premonitória,profetiza que uma situação assim levaria a um socialismo místico e religioso(foi o que se viu com as liturgias politicas e com o culto à personalidade).

Engels chega a citar países e regiões que seriam minimante necessários para uma revolução:Inglaterra,America,Alemanha e França.Inglaterra,dizemos nós,pela classe operária mais organizada naquele então;América pela enorme capacidade produtiva(até hoje);a Alemanha,porque tinha o partido mais numeroso e preparado,a vanguarda do operariado;e a França ,porque tinha um pouco de todos eles.

Engels ,como já demonstrei,renunciou bem no final da vida,como tantos outros,aos critérios revolucionários subentendidos neste livro.Em próximo artigo tratarei disto,mas ,com este ou outro método,a revolução(não só em sentido político),de tipo comunista,precisa destas bases econômicas,que no capitalismo,são internacionais e,digo eu,preenchendo uma lacuna do pensamento de Marx e Engels,de bases subjetivas.

Tanto para Marx quanto para Engels,bastava esta base,compreendida pelo operariado(o termo científico,sociológico,é este,não proletariado,que é uma denominação pejorativa dada pela burguesia do século XIX)e a vontade ,depois da tomada de consciência ,de revolucionar a sociedade(se alguém dissesse isto,depois do advento da URSS e seu respectivo cânon,seria tachado de idealista,com as consequencias mais terríveis possíveis).

Mas o fato é que de 1848 até à morte de Engels,ambos nunca se referiram a uma revolução nacional,que é o que se tornou(conforme prova o historiador Ernst Nolte),por sua condição distópica,a revolução russa,que não deveria ,por isto,ter acontecido.