Num texto
importante Engels uma
vez disse, que
os objetivos dos
comunistas e dos anarquistas
eram os mesmos,acabar
com o Estado.
Falemos a sério:desde
Jericó que o Estado
só existe enquanto
existe o trabalhador
que, com o
seu suor , mantém a sua estrutura administrativa em pé.O caráter
repressivo do Estado
é,por isso,ilegítimo,desde as
cidades bíblicas.
Esta história
de que foi
Rousseau quem colocou
as coisas nos devidos
lugares,ou seja,o povo
no centro do poder,é
uma meia-verdade,porque ele
reconheceu aquilo que é
fato,desde priscas eras.Ele
“apenas” laicizou uma
idéia que está contida
nas concepções de Tomás
de Aquino,segundo a
qual,como sabemos,o príncipe cristão
deve ser apeado do
poder se não
governar a cidade conforme
os princípios da religião.
Na verdade
Rousseau refundamenta este conceito , dizendo que os
valores religiosos não são os
decisivos para a relação de poder,mas aqueles
que já estavam na
referida Jericó.Quer dizer , formalmente o
Estado é uma
representação dos “ de
baixo”,hoje gramscianamente chamados
de “ subalternos”.Embora a mediação
do trabalho só
viesse com Marx(um seguidor de
Rousseau,até certo ponto),ela estava,in
limine,na sua concepção
da “ soberania popular”.
Com base nestes pródromos o anarquismo
radicalizou,afirmando que ele
impedia a afirmação da essência
verdadeira do homem,mas esta
barreira se refere ao
seu caráter repressivo.
A oposição
alienante entre o
sujeito,o cidadão e
o estado depende
do modo como
ela se dá.É lógico,e
isto também está em Rousseau,que o
homem não pode
ser tomado,como ser universal
que é ,pela parte,o
Estado.O Estado não o “ define”.O
Estado é incapaz
de absorver esta
universalidade.Mas nem é
o caso.O Estado
não tem que abarcar a
todos,pois os representa,formalmente,e devolve(ou
deveria)aquilo que todos deram a
ele.Se não faz é
porque foi sempre uma instância
repressiva e esta derivativa
da dominação de uma classe
ou setor da sociedade
que “ toma”
do todo,aquilo que é dele,sob
as mais diversas
justificativas ideológicas(consciência falsa,véu
místico).
Não é
medida da efetiva
libertação humana a
extinção do Estado,pois
em vista disto não
é na relação com
o Estado que
o homem se define,mas
no modo como
ele a vê(sendo
isto já uma
forma de alienação[quer dizer
atribuir ao Estado condições de defini-lo]).
O homem
é reprimido pelo
Estado ,mas pode manipulá-lo a seu
favor,mesmo porque,não existe sem
ele(o estado em relação ao
homem),como dissemos.E esta
atitude positiva é
legitima e autêntica,pela mesma razão.
Os anarquistas(e
os marxistas)confundem o Estado
com a sua mediação repressiva,mas a repressão é de uma
classe por outra,não se
identificando esta repressão
com o Estado todo e a sociedade
toda.
Eu penso
que quando um criminoso
cumpre uma pena,ou acaba de
cumpri-la ,ele deveria
ser “ ressocializado”
através do Estado,de
funções estatais(servidor público).Isto
tiraria dele,aos poucos,como
é a condição de ressocialização,o sentimento de culpa em
relação ao cidadão e
trabalhando e se recuperando,no âmbito
do Estado,que é dele(pois mesmo na prisão
continuaria a trabalhar),ele poderia
expiar o crime e
a culpa sem
medo de arriscar a sua
relação com os
outros.Provando para si
mesmo,antes de voltar ao convívio
social,ele teria razões e
condições definitivas de nunca
mais reincidir e o Estado
cumpriria,como instância representativa,um papel
libertador,contra o dogma
dos anarquistas(e marxistas).
O grande
problema de todo
aquele que delinqüe é que ele
se sentirá sempre “ manchado” e
se for ressocializado pela
mão do outro,nunca deixará de ter este
ferimento no seu orgulho,este dever.Se
se superar a
partir do Estado,este
“ complexo de inferioridade”,o maior
impeditivo de sua “ cura”,estará afastado.
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