sábado, 5 de fevereiro de 2022

alienação de novo.novos vislumbres

 

No processo do ter e o haver do marxismo avulta em importância a questão da alienação(que se imbrica por sua vez com a do comunismo),que acho que permanece.

Já tenho tratado deste tema e não vou me repetir aqui,mas vai parecer a quem lê este artigo que eu já tratei do problema.Mas não é bem assim:novas luzes se me apresentaram.

A minha dúvida é que a consciência da alienação,no plano da cultura,pode ser condição suficiente para desalienar.Conforme eu já disse em outro artigo,seguindo o livro “ Marxismo e Alienação” de Leandro Konder ,Marx nunca substituiu o conceito de alienação pelo de fetichismo da mercadoria,apenas afirmou que só é possível desalienar o homem pela mudança do modo de produção capitalista para o comunista.

Esta é uma das provas de que havia um certo quê de inevitabilidade na concepção de Marx:o comunismo é uma inevitabilidade necessária.Como todos os outros pensadores,utópicos,desde o século XVIII,considerava o comunismo a destinação da humanidade.

Sendo o capitalismo um sistema não só objetivo,mas cultural e subjetivo,onde a consciência também joga um papel para além das relações econômicas,a consciência das distorções contidas nestas relações,é meio sim de desalienação.

Eu sempre escrevo artigos para que todos entendam e para isto exemplos são fundamentais.Nesta questão eu sempre apresento uma questão cultural do Brasil:Anitta e seu corpo.

Se por um lado há uma certa objetalização no uso do corpo,por outro a sua exposição ,a exposição da mulher sem repressão,ajuda na liberdade do gênero feminino.O capitalismo apresenta estes dois lados.Ele é em grande parte hegeliano,no sentido de que a contradição dialética se resolve em parte.Se resolve em parte porque realmente persiste um problema,qual seja :de que o corpo de Anitta cria um modelo de mulher,de beleza a ser seguido,imposto pelo mercado.Mas isto é superável se se construir outros modelos,através da cultura,modelos válidos e principalmente para o mercado.

O principio de todo mercado ,e o do capitalismo está incluido,é que qualquer pessoa pode entrar.Ele é como a religião,que não pergunta por suas qualificações para entrar.

O fato de determinados “produtos” ofertados pelo capitalismo serem menos procurados não significa que sejam objeto de discriminação e exclusão.

No Brasil o modelo da mulher branca,loura, é imposto sem dúvida e as barreiras para mulher negra são muitas,mas não está dito que não é possível mudar isto no âmbito do mercado capitalista.Não é culpa do capitalismo,mas de certos grupos e ideias que o dominam,que constróem um nicho.Qualquer inovação ameaça estes nichos.

É verdade que no interior da exploração a mulher tem um salário menor para consagrar a baixa no custo do valor trabalho e garantir os lucros do capitalista.Mas por outro lado ela tem conseguido entrar no mercado de trabalho,porque tem capacidade de consumir,o que agrada ao sistema.

Parece-me que não é tudo responsabilidade do capitalismo e do mercado,mas do uso que se faz dele por parte de certos interesses culturais e históricos,que se conectam com o mercado.Existem outras mediações que Marx não notou.

A minha dúvida no artigo anterior era que no plano da reificação ainda era necessário esta superação obrigatória do capitalismo.Mas a resposta foi dada acima:o corpo de Anitta,como o rosto de Marilyn Monroe em Andy Wharol,expressa um modelo de beleza e comportamento e a sua imposição mercadológica é reificação,como o trabalho excessivo que domina a existência do trabalhador em geral.

Mas é factivel ,e isto já se comprovou, controlar isto aí.Na maior parte da europa a semana é de 4 dias.

Se é assim não há inevitabilidade do fim do capitalismo,exceto ,por uma caracaterística do termo alienação,que é polissêmico:a alienação está definida entre outros conceitos pelo de potencialidade humana .O capitalismo realmente promete ampla liberdade e oportunidades e esta promessa precisa ser mantida,mas não o faz de fato,não o efetiva,pelo que dissemos:quando um nicho econômico toma o poder cria ideologias de justificação de sua permanência.Isto não vai contra o capitalismo,mas o limita.Outras mediações aparecem,para além do modo de produção, que o limitam:condições geográficas,nivel de consciência,história,enfim muitas coisas,mas que não são dificuldades capitalistas ,mas da vida humana na sua relação com o meio.

A superação do capitalismo,a luta contra ele se dá pela ampliação das oportunidades,ampliação total.O capitalismo luta para garantir isto,mas tem como conseguir?Se outros fatores ,como os citados acima são tão importantes ,o capitalismo é inocente neste meio?

A questão é que o capitalismo não tem como conseguir porque ele não é o mais adaptado para usar estas mediações a favor dele e da humanidade como um todo.

Ele é dividido,dividido em nações e o mercado não tem como expressar todas as necessidades e desejos da sociedade.O capitalismo tem a seu favor o fato de que a liberdade do capitalista de acumular 300 empresas,para seu delirio, é sentida como idêntica por aquele que tem uma pequena empresa suficiente para sua digna sobrevivência.O pensar nos outros é,neste caso,odioso.A equação do futuro,no entanto,é (será)como criar um regime que mantenha esta liberdade individual que não é prejudicada pelo coletivo e que não prejudica este último.Assunto para o próximo artigo


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