Em todas estas discussões fica claro
que existe uma incompatibilidade visceral(é triste eu ter
que dizer isto)entre Marx e a liberdade.Esta
afirmação tem um lado bom e um lado
ruim como diz aquele político.Se de um
lado a liberdade só é
entendida por ele em
conjunto com todos os trabalhadores(dogma da liberdade igualitária[Rousseau]{Galvano della
Volpe}),o que expressa um solidarismo
radical,por outro deslegitima a
liberdade no tempo
presente,no
capitalismo,parecendo mesmo
legitimá-lo.
Ocorre que
,como eu disse acima,a
relação de Marx e Engels com o Estado é muito cheia
de falhas,porque para eles
a questão só se dá na
recusa ao Estado.A liberdade é
uma questão fora
do Estado.
Seguindo Aristóteles(e Tomás
de Aquino[Marx é profundamente Aristotélico]),Marx parte
da liberdade política,inserida
na política e no
Estado ,já buscando desvelar a sua falácia.Esta
liberdade,de Aristóteles ,é também
uma ideologia(como consciência
falsa),porque visa(e é verdade)justificar
a sociedade escravagista antiga.Contudo,o
significado real desta liberdade é mais
amplo porque se admite que já
está implícita na gregariedade
humana.É claro que ao associar a
liberdade humana à condição natural do homem (“ zoon politikon “)dá-se continuidade a este objetivo ideológico,mas
,inclusive,hoje emdia,observa-se que na
pura existência humana(privada) há política
.Mesmo na família
existe política ,quer dizer,no mundo privado,nas relações homem/mulher,inclusive,há
política.Hoje até se fala em política no mundo animal...
As análises de Aristóteles da
família,como entidade política,encontram
fundamento.
Marx entendia que esta gregariedade deveria ser recuperada.Ele compreendia o sentido ideológico desta gregariedade ,ou seja,que a liberdade(como dizia Spinoza)era "natural" ao homem,mas que estava " alienada".A consciência desta alienação o conduzia à revolução e à liberdade,mas enquanto não havia consciência e ação revolucionária não havia liberdade.E a liberdade só se obteria no mundo do trabalho ,coletivamente,porque ela se daria no plano material.
Marx entendia que esta gregariedade deveria ser recuperada.Ele compreendia o sentido ideológico desta gregariedade ,ou seja,que a liberdade(como dizia Spinoza)era "natural" ao homem,mas que estava " alienada".A consciência desta alienação o conduzia à revolução e à liberdade,mas enquanto não havia consciência e ação revolucionária não havia liberdade.E a liberdade só se obteria no mundo do trabalho ,coletivamente,porque ela se daria no plano material.
Seguindo,mutatis mutandi o
“ Contrato Social” de
Rousseau,Marx pensava que era
necessário acabar com o Estado(Rousseau
não defendia o fim do Estado mas que ele fosse
re-organizado para ficar o mais
perto possível da liberdade natural[gregariedade]) para
recuperar,em outras
bases,bem entendido,a
liberdade(Rousseau achava que o Contrato
reaproximava o homem da liberdade natural mas esta não era mais recuperável[Marx também,porque
ele não propugnava
o “ comunismo primitivo”,mas
uma forma superior
de comunismo,subjetiva e objetivamente]).
A liberdade,no
sentido desta gregariedade é uma coisa,mas
aquela da convivência
no Estado é outra.Há aproximações e distanciamentos,mas são distintos.Somente
neste segundo caso é que se pode
entender a famosa
e amplamente citada frase do liberal
inglês Edmund Burke,”a liberdade é indivisível”,isto
é,quando a liberdade de um (cidadão)é atingida a dos outros corre
risco.
Existem,no
entanto ,pessoas que nas mais adversas circunstâncias conseguem realizar as suas potencialidades e se consideram livres.O marxismo,no seu espírito
anti-liberal,afirma que tal
exceção só ocorre porque um Estado opressor ou mesmo a
sociedade o ajudaram porque ninguém é sozinho
como Robinson Crusoé,no que é
uma meia-verdade.
O processo do
trabalho no mundo capitalista guarda
legitimidade,apesar da exploração.Muitos,pelo trabalho,legitimo,chegaram
à liberdade e o
capitalismo reconhece isto.
O operário
é explorado,mas o seu trabalho é
legítimo e autêntico.Thomas Edison ao
produzir as suas realizações,se
aproveitou de todo o processo de exploração e depois o reproduziu,como
capitalista que se tornou,mas seu aprendizado
e sua realização são legítimos.Se é patrimônio do povo ou da
pessoa é outra discussão.
Se depois a exploração é exercida é outra coisa,a
chegada é importante.E para
lembrar o problema
do imanentismo,proposto por aí,como o
terreno da liberdade real no pensamento de Marx,ser livre ,é não
só ser
reconhecido em suas necessidades
materiais,mas também realizar as potencialidades
do individuo(e vê-las reconhecidas[liberalismo]).
Este caminho imanente
seria verdade se
não houvesse a
relação com o Estado,que não
é obrigatoriamente oposto
à liberdade.Vê-se muito desde
sempre,mas nos dias atuais,quanto o
Estado,através do Direito,garante a
liberdade individual.
Neste sentido
assiste razão ao pensamento de um Locke,dizer
que a liberdade é também o de recusar uma relação absoluta de direito/dever com o
Estado,porque o individuo é responsável por sua liberdade também;e assiste ao pensamento marxista,devidamente
resignificado (acréscimo do papel do direito,por exemplo)quanto a esta exigível relação.
Mas em Marx,a pura
imanência não resolve o problema da liberdade no seu pensamento,porque Marx não o entendia senão
como algo fora dele e não dentro
dele,como reconheceram os liberais.
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