terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Marx ,a libélula



A ilusão da dialética da natureza levou Marx a reunir todos os seus conhecimentos enciclopédicos  numa suposta interdisciplinaridade orgânica e coerente.Mas ,na verdade, o levou a cometer erros,a partir deste vício de origem.
Ao falar sobre a “ interpretação” dos filósofos,como algo vazio,mostrou que conhecia superficialmente ,e não profissionalmente, a filosofia,mas o que se apresentava diante dele na sua época,uma metafísica(Wolf)chinfrim,preocupada com a solução da relação alma-corpo.
Esta metafísica era uma herdeira das hesitações do racionalismo clássico,que vai aí de Descartes,chegando Vanninni ,passando por Leibnitz,Pascal,Malebranche,Mersenne,Gassendi e outros.estes racionalistas,preparadores do Iluminismo,expressaram a dúvida da razão quanto à existência de Deus,frente à natureza ,que parecia ter as suas próprias leis.Foram estes racionalistas que criaram a idéia do teísmo,do Deus absconso(Pascal),do Deus que cria a máquina natural mas nela não intervém.
As interpretações feitas por eles  desaguaram nestes conceitos essenciais do Iluminismo,mas elas não são,de modo algum mera correia de transmissão para o iluminismo,que ficou mais famoso,por seu engajamento social e científico(e influência na Revolução Francesa).
As dúvidas do racionalismo já o humanizam,mas além disto,criam filosofias ,lógicas(Port-Royal),critérios que são válidos até hoje,como a dicotomia Sujeito/Objeto(Descartes).
Estas interpretações não são vazias.O sistema Metafísico, diante do esgotamento natural desta tendência dos séculos XVI e XVII,ao invés de aprofundar estas dúvidas,resolveu se fechar e se aliar à religião que não tem ligação obrigatória com a filosofia,mas com o poder.
Se Marx e Engels tivessem se aprofundado no estudo profissional da filosofia,teriam compreendido que a dúvida não é incerteza,mas conteúdo,ou antes,que a incerteza é a regra do conhecimento,de sua obtenção(Sócrates).
A libélula é aquele inseto que põe o traseiro na água e vai embora.Como Marx entendia que a dialética permeava todos os saberes ele os unificava na sua mediação e opunha o discurso filosófico à ciência do real.
Quando entendia que o essencial da filosofia se adequava à dialética,ele a largava.Quando o estudo da sociedade fazia o mesmo,ele a largava.Quando a política não se coadunava ,ele a deixava de lado.A economia ficou mais tempo,porque era o meio de se compreender as razões dialéticas reais da exploração,condição objetiva(dialética) de sua superação.Mas mesmo assim,depois do Capital toda a Economia desaparece diante de sua ciência “definitiva”.Os marginalistas e Keynes foram os contestadores  desta pretensão.
Como uma libélula ele ia abandonando cada saber depois de lhe tocar um pouquinho.
Este tipo de atitude põe a seguinte questão:o que é mais importante?O conhecimento particular ou a  dialética,que os reúne como bem entende ou segundo suas “ leis”.
A dialética vence a disputa e isto terá repercussões catastróficas na ideologia(consciência falsa)base da URSS,porque se fará uma distinção(falsa)entre ciência burguesa e socialista(dialética).Haveria uma física socialista e uma burguesa,uma ciência econômica socialista e outra burguesa,reacionária.Mas o pior foi a construção de uma biologia burguesa e outra socialista,que propiciou o surgimento da figura  histriônica se não fosse trágica,de Lyssenko.Assunto para o próximo artigo.

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