Na maior
parte dos países,depois da Tchecoeslováquia em 68,os Partidos
Comunistas,notadamente os vinculados com a o eurocomunismo(uma derivação
da doutrina da “ coexistência pacifica”
do Kruschev),aventaram a hipótese mais
que provável do “ fim do comunismo”.
Até aqui
no Brasil,por sinais que só a política
oferece e que só o bom observador percebe(porque a política não é
discurso,mas sinais)houve alguém que se declarou não-comunista em 1970:Armênio
Guedes.
Na época
posterior à anistia,ele continuou com esta posição e eu não entendia,como
militante,porque alguém que não se considerava mais como comunista,integrava os
quadros do Partido.
Adentrando
pelos anos 80 ouvi,no sindicato dos professores do rio de janeiro,de Carlos
Nelson Coutinho,que ninguém mais na Europa se considerava “ eurocomunista”,o que equivalia a dizer que ninguém
mais era comunista.Ele citou o exemplo da esposa de Leonardo Page,para a qual “ era incompreensível que ele
permanecesse no PCI,já que não era mais comunista”.
Se a maioria dos militantes já não comungava das
idéias,porque esperar que o massacre da Praça Tian-a-men desencadeasse o “ fim
do comunismo”,associando todas as experiências partidárias(ocidentais) aos
crimes do chamado “socialismo real”.
Ao longo
das décadas e principalmente na de 70(depois de 68)tanto a direita como a
esquerda radical preconizaram ,em face do caráter totalitário evidente destes
regimes,que os “ eurocomunistas” rompessem com eles.
Chegou-se
a dizer em 1972 que o ultra stalinista PCF rompeu com o PCUS,quando imagens de
campos de concentração foram mostradas nas televisões do Ocidente.
Na época
do assassínio programado e inevitável de Aldo Moro toda a esquerda radical
apoiou este crime porque ele evitou que o marxismo stalinista,tipo PCUS se
implantasse na Itália,no contexto do “ compromisso histórico”.
Hoje eu me
pergunto se não teria sido não só um ato de coragem dos partidos ocidentais
este rompimento,mas uma necessidade para a continuidade das lutas sociais dos
trabalhadores(ainda que não na direção do comunismo ,que falhara realmente),que
teriam muito a ganhar com a experiência destes partidos,que,com problemas,não
possuíam as mesmas culpas dos crimes do socialismo real.
Se,como
dizia o PCI ,o “ Partido é o que ele deve ser”,porque,no momento em que se vê
que a maioria dos militantes não comunga dos ideais,não mudar o seu nome e o
seu sentido,atualizando-o(dialeticamente)?Isto não traria,pela coragem da
decisão e pela sua verdade,mais elementos para o movimento dos
trabalhadores,dando continuidade a uma
tradição que não deveria morrer,já que a
questão social não morreu?Isto não preservaria esta experiência?
A verdade
é que o pragmatismo político(que Ochetto representava),com sua preocupação
eleitoreira cimentou este sentimento de culpa pelos crimes do comunismo,auto-critica
que parecia ser mais eficiente diante das massas do que defender a sua
tradição,ainda que solitária (todo revolucionário tem que admitir a possibilidade de solidão).O pragmatismo de
não ficar sozinho chancelou aquilo que já era prática dos partidos:não era
questão de mudar a sociedade,mas de
sobreviver a qualquer custo.Era a
questão dos políticos sobreviverem a qualquer custo e os ideais que se danem.
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