Assim
sendo existe um relação dialética entre conteúdo
e forma.
Uma condiciona a
outra e vice-versa ,numa versão da aufhebung, superação/assimilação.A forma expressa
e determina o conteúdo e este condiciona a forma.
Pode
se dizer que a liberdade
é imanente ao homem,mas
que ela só é obtida modificando as relações
sociais.O critério de imanência guarda uma
discrepância em face do pensamento de
Marx que queria certamente evitar que a liberdade
pudesse ser um
conquista individual legitima .A
imanência não pode ser
um padrão automático de
caracterização da humanidade, a qual
tomando consciência da exploração se
insurgiria contra a opressão,isto porque Marx
fala da luta ,da reunião
dos trabalhadores e
subjaz a isto
uma necessidade de comunicação entre os
atores políticos para realizar esta
libertação.Comunicação é
transcendência.
Aqui
ele diverge firmemente dos
liberais. Contudo tanto focar
o problema da liberdade no
individuo quanto na coletividade induz à sua
perda,ora no fascismo
individulista,ora no coletivismo ,de esquerda,ambos totalitários.
É assim porque
Marx opunha liberdade
ao Estado.
Falava
em formas de consciência,mas não admitia o lado
público do Estado como medida possível da liberdade. A revolução
libertava os homens do Estado,não
havendo composição entre os
dois.A questão da cidadania, invenção burguesa, era incompatível
ou inexistente dentro
deste caminho revolucionário de libertação.
Para a burguesia as diferenças de classes eram naturais,mas
a cidadania,moderna,podia ser compartilhada.O projeto
burguês era ,em princípio,para todos.
Como já
disse em artigo anterior,em função desta
pura oposição que Marx
faz e muito embora
tendo um pezinho em Aristóteles,não distinguiu a
liberdade individual dos
cidadãos,da liberdade no corpo
politico,criação dos
liberais(Benjamin Constant)
Quando Edmund
Burke diz "A liberdade é
indivisível" está se referindo ao
fato de que o atentado à liberdade de um cidadão
atinge a de outros.Mas no plano
individual expressar em vida as suas
possibilidades é liberdade
autêntica(o cidadão pode
ter uma vida
de classe,simples,e se sentir
livre) e legítima, mesmo dentro de
um regime de exploração. A exploração não reduz
o homem a ela,pois ele a transcende no seu
lebensvelt,reprodução simbólica ,discurso,vida afetiva e assim sucessivamente.
As
ações pelas quais
os homes constroem uma solidariedade,
inclusive contra exploração não são só
materiais strictu sensu,mas espirituais e transcendentes.
Há
uma dialética comunicativa ,no sentido de que o
diálogo da cidadania é possível.
No
antagonismo democrático,
desconhecido pelo revolucionário Marx(e
em geral por todos os revolucionários) o pensar
diferente do outro caracteriza este diálogo. Um cidadão
A que se
relaciona com B= democracia,cidadania
.A síntese é não
só democracia e cidadania,mas
também superação da exploração, a partir
das mediações sociais concretas.
A utopia
está no movimento, a
utopia é de
tempo,não de lugar.
Então
a dicotomia Lassalle /Marx anuncia em
termos práticos o que sabemos
hoje com as derrotas do marxismo ortodoxo:que a história
não é uma lógica
pré-dada no seu
movimento,obedecendo a um propósito evolucionista
material,mas é consequencial ,se fazendo no processo e os liames de
solidariedade não são só estabelecidos por
relações materiais,mas espirituais, o
que Marx não leva em
consideração .Quero dizer a forma das
relações sociais,as formas
estatais públicas(cidadania).jurídicas jogam um papel legitimo na transformação da sociedade e
não como um
conceito burguês justificador(ideologia)da exploração. As suas
relações de publicidade ,as normas(jurídicas escritas ou não)pertencem à humanidade como algo
imanente e não substituível
pela vontade do
revolucionário(ele já é
livre?).O direito,o certo e
o errado fazem parte da utopia.Os chineses
hoje falam em um sociedade socialista
baseada no direito,o
que falarei em próximo
artigo.
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