terça-feira, 16 de junho de 2015

O prefácio de 1859




O  prefácio de  1857,que  diz  a  frase  obsessiva;"não  é  o ser  que  gera  o ser  social  ,mas  o  ser  social  que  gera  o  ser",bem  poderia  ser  dita  assim:"não é  o  sujeito que  gera    as relações  sociais,mas  as  relações  sociais    é  que  geram  o  sujeito".Pois  o ser,no  sentido de categoria  filosófica,  physis  engloba  toda uma  materialidade,uma  experiência.O  ser  está  contido nesta experiência,que  é existência,subjetiva e objetiva.é  a  experiência  que  fundamenta  a transcendência  humana,real.
  Transcendentalidade ,como  algo  apartado  da  experiência,é  uma  teoria  da  religião,não  comprovada,pois a  experiência é  concreta , não  se  rompe  e é,como experiência,  material  também.
É lógico  que  a  subjetividade  não  vem antes do  mundo,mas  não  está  fora  dele,como a família  ,que cria  os  filhos  para  o  mundo,mas  não  está  fora  dele.Existe  uma distinção mas,dentro da  dialética e da  aufhebung eles  se integram  na experiência.
Na  URSS,por  necessidade da ideologia , esta  visão foi  simplificada por uma  impossível  identificação com a  reflexologia  de Pavlov,pela  qual se  substituiu  esta  aufhebung  Ser/Ser  Social pela   dicotomia  infraestrutura/superestrutura,em  termos  de  que  a  primeira fundamenta a segunda   ,a qual  seria  reflexo  dela, matando  assim  a dialética.Na  visão  de  Marx    realidade  social  é a  síntese   de múltiplas  determinações,que  se  desintegram e integram  permanentemente.
A relação Ser/Ser  social é  pois  determinação  recíproca não  espelhamento.É  um  processo.
Dentro  desta  concepção é  possível  pensar um resignificação  do materialismo  histórico  a partir  da  transcendência ,ainda  que isto seja realmente estranho  a  Marx,porque é  possível que discursos  subjetivos  autônomos sejam possíveis  e explicáveis materialísticamente,pois  idéias  e relações sociais   são  experiência  material  humana.
É possível um transcendente sem o  transcendental(sem a  religião).

Amigos eu resolvi acrescentar em português e em alemão o Prefácio de1859(eu errei,eu  sei,kkkkk),analisado acima
em português:
Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência. Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social. Com a transformação do fundamento económico revoluciona-se, mais devagar ou mais depressa, toda a imensa superstrutura. Na consideração de tais revolucionamentos tem de se distinguir sempre entre o revolucionamento material nas condições económicas da produção, o qual é constatável rigorosamente como nas ciências naturais, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em suma, ideológicas, em que os homens ganham consciência deste conflito e o resolvem. Do mesmo modo que não se julga o que um indivíduo é pelo que ele imagina de si próprio, tão-pouco se pode julgar uma tal época de revolucionamento a partir da sua consciência, mas se tem, isso sim, de explicar esta consciência a partir das contradições da vida material, do conflito existente entre forças produtivas e relações de produção sociais. Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas terem sido chocadas no seio da própria sociedade velha. Por isso a humanidade coloca sempre a si mesma apenas as tarefas que pode resolver, pois que, a uma consideração mais rigorosa, se achará sempre que a própria tarefa só aparece onde já existem, ou pelo menos estão no processo de se formar, as condições materiais da sua resolução.
Em alemão :
" Es ist nicht das Bewußtsein der Menschen, das ihr Sein, sondern umgekehrt ihr gesellschaftliches Sein, das ihr Bewußtsein bestimmt. Auf einer gewissen Stufe ihrer Entwicklung geraten die materiellen Produktivkräfte der Gesellschaft in Widerspruch mit den vorhandenen Produktionsverhältnissen oder, was nur ein juristischer Ausdruck dafür ist, mit den Eigentumsverhältnissen, innerhalb deren sie sich bisher bewegt hatten. Aus Entwicklungsformen der Produktivkräfte schlagen diese Verhältnisse in Fesseln derselben um. Es tritt dann eine Epoche sozialer Revolution ein. Mit der Veränderung der ökonomischen Grundlage wälzt sich der ganze ungeheure Überbau langsamer oder rascher um. In der Betrachtung solcher Umwälzungen muß man stets unterscheiden zwischen der materiellen, naturwissenschaftlich treu zu konstatierenden Umwälzung in den ökonomischen Produktionsbedingungen und den juristischen, politischen, religiösen, künstlerischen oder philosophischen, kurz, ideologischen Formen, worin sich die Menschen dieses Konflikts bewußt werden und ihn ausfechten. Sowenig man das, was ein Individuum ist, nach dem beurteilt, was es sich selbst dünkt, ebensowenig kann man eine solche Umwälzungsepoche aus ihrem Bewußtsein beurteilen, sondern muß vielmehr dies Bewußtsein aus den Widersprüchen des materiellen Lebens, aus dem vorhandenen Konflikt zwischen gesellschaftlichen Produktivkräften und Produktionsverhältnissen erklären."

Como   se  pode   observar existe  sim  um  " desnível"entre   superestrutura  e  infraestrtura ,mas  não impede que mais embaixo ele diga que a tomada de  consciência determina  também  o modo  como se resolverão as contradições   de  uma  época.

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