Não é que eu
concorde hoje com a visão comunista de Guevara,mas fica claro que qualquer
projeto de utopia planetária passa pela libertação de todos os povos,ou seja ,nas
relações entre os povos do 1 e do 3 mundo.Estou convencido de que Marx e Engels
quando pensavam em comunismo pensavam na Europa Ocidental desenvolvida.Mas
mesmo hoje,com uma maioria industrializada de países,com as pré-condições
objetivas dadas,não acho possível uma revolução universal,por faltarem as
condições subjetivas e mesmo as havendo,a complexidade de tantos países, inviabiliza-o.O movimento comunista do passado provou que as dissensões nacionais se
puseram acima do “internacionalismo proletário”.
Havia uma crença
mística naquela época de que
bastava uma revolução
num país para que os outros o seguissem,mas a URSS e a China
se separaram por causa de uma
pessoa,Stálin e depois não houve solidarismo
destas potências socialistas em
relação ao Vietnã.Na década de 80
houve mesmo uma quase
guerra entre o Vietnã e a
China.Isso sem falar no Leste Europeu.E
hoje China e Coréia do Norte não
são amigas...
Não há como construir comunismo dentro de um
mundo assim.
No próximo
artigo eu vou explicar melhor os fundamentos teóricos disto aí,mas a constatação
para o que discutimos agora é clara:há
que pensar em desenvolver as nações
primeiro,num sentido social,para,se
homogêneas,poderem decidir em conjunto se devem ir para o comunismo.
Isto
invalida parte do pensamento de Guevara,que queria o
comunismo logo,mas,por outro lado,ressalta
a justeza marxista da sua
visão quanto ao fato de
que era impossível fazer de Cuba
uma sociedade comunista se
todo o mundo não fosse libertado também.
Mas mesmo
não pensando em termos comunistas,a libertação social dos povos do mundo passa por uma
visão coletiva,porque os problemas
que existem aí são causados historicamente por uma relação desigual de
exploração deuns países sobre outros e não há como sair disto sem atacar
estas causas e acabar com as suas consequencias.
Joaquim
Nabuco,sobre o Brasil e o seu futuro,disse que durante
muitos séculos o fato da
escravidão será a tônica do país(se não se
fizer nada né)e que é
preciso acabar com a escravidão,mas não
só com ela,com sua obra
também.
O
raciocínio vale para a ordem
internacional.Grande parte das
mazelas são causadas pelo imperialismo,neo-colonialismo,exploração das
colônias e assim
por diante.Se não houver reconhecimento deste fato,inlcusive e principalmente,pelas grandes potências,não vislumbraremos a utopia.
Voltarei
ao tema.