segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O que é o stalinismo?





Existem muitas discussões   pertinentes  no seio da esquerda sobre  o     que   é  o  stalinismo,mas  nenhuma delas o resolve realmente,porque  assim  a esquerda se veria toda  atingida  pelo problema.Isto  é assim até aos  dias de  hoje.
Palmiro togliatti em uma entrevista  famosa  que concedeu logo após o impacto do relatório  Kruschev  alinhavava  os  argumentos para explicar o fenômeno do stalinismo no comunismo.Todas  as  suas  análises  ,como a  de  seus  contemporâneos  e pósteros  não tocam  na  questão  real  do  stalinismo,do  seu  significado  último,exceto  um:Trotski.
Pelas palavras de Togliatti parece estar tudo resolvido,mas como ele,como tantos, estava  inserido em  todo o processo de construção do stalinismo,alegando,como  todos, a necessidade  de  preservar  o socialismo,respondeu  de modo a não tocar no problema  verdadeiro,no fulcro.
A  questão do stalinismo,para  ele,é que  Stálin  ,com o  poder  que adquiriu,perdeu  o  controle.O poder,diz  Togliatti nesta entrevista," lhe  subiu  à  cabeça".
A  atitude  pessoal é que  explicaria os problemas  da  URSS e do Stalinismo.Tirando a  personalidade tudo está resolvido.
Um  outro prócer  do marxismo,Lukács,também abordou, na época do XX  congresso,o stalinismo,numa  famosa  carta  intitulada  "Carta  sobre  o stalinismo",em que  dá  seguimento aos  mesmos  paradigmas anódinos  do italiano.
O cerne  desta carta é  dizer  que o problema  não é a  pessoa  do  tirano(ele  inverte o argumento de Togliatti),mas os "pequenos stalins" que ele  criou e que  reproduziam  a  sua política e que ,mesmo depois  da  morte do  chefe continuavam  a  pulular na  sociedade soviética.
Aparentemente  isto é um xeque-mate  na questão,mas se observarmos  com mais cuidado a denúncia não  trata de porquê  surgiu este  fenômeno numa  sociedade  socialista  que  não  o  queria,não o prometera.Não  desejava o extermínio  de milhões,mas  o bem-estar.
Tanto Togliatti como Lukács,volteiam  o  núcleo mas  não o  atacam,porque sempre tiveram  esta perspectiva oportunista de  preservar o socialismo,que  àquela altura era  produto  e meio de  reprodução da tirania  e dos crimes  de Stálin.
O único que notou o que estava  acontecendo foi   trotski  porque percebeu exatamente  a indissolúvel relação  entre o personagem  e o contexto em que viveu  .Numa  relação dialética entre a personagem  histórica  e o contexto é que  se explica  o surgimento  do stalinismo  e nos  revela  a impossibilidade de  separar a URSS e  o stalinismo,o socialismo  real.
Ainda  que  Trotski  acreditasse  no retorno do  ímpeto revolucionário,quando o tirano fosse  apeado do  poder(o  que torna Trotski muito semelhante aos outros dois),o seu diagnóstico é que põe um  fim  no  problema,levando de roldão o  socialismo real,que era uma reação  termidoriana,uma queda  no antigo  regime,numa aceitação,por  parte do stalinismo,das regras imperiais  da política  czarista,que o socialismo pretendia acabar.
As  condições  que  o  Marxismo  colocara para uma  revolução  comunista não estavam  dadas  na  Rússia e a insistência em criá-las,como preconizara  Lênin,revelou-se  infrutífera,obrigando os bolcheviques  a uma solução  comum  às  revoluções sem  base  social:o autoritarismo e  depois o totalitarismo.`
Para preservar  uma  idéia  já sem fundamento  a sociedade  foi  obrigada a  se modificar,contra a vontade,no processo de  coletivização e industrialização que Stálin  e os  bolcheviques impuseram,do alto,sem  levar em  conta  que  a  revolução comunista  vem  de  baixo,de uma  sociedade civil  preparada  e  com  hegemonia da  classe trabalhadora.
 

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