quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Em torno a guevara



 



Pouca  gente  sabe que  a  última  conversa  que  Guevara  teve  com  Fídel antes de  partir  para  a  sua  morte  sagrada,foi  sobre  as  acusações  que o  guerrilheiro  fez  à  China  e  à  URSS,quanto  à  conivência  destas  potências  com  o  imperialismo.
Muita  gente  deverá achar  que este  artigo  não deveria  ser  feito  porque isto  é  uma questão ultrapassada  e  sem  importância,mas  ela  é  fundamental  para  o  entendimento  dos  descaminhos  do  socialismo real.A  sua  compreensão  ajuda  a manter  no  trilho  certo  o  movimento  moderno,que,na  verdade,já desandou e precisa  ser  reconstituído de modo a não repetir o passado.
Marx  havia  afirmado  que  o    comunismo  devia ser implantado  imediata  e internacionalmente,de uma  vez,sendo a  ditadura  do proletariado  e o  socialismo  fases  prévias  pequenas.Uma  das  condições  para implantação do  comunismo  era  o  fim  do  estado.
Os  descaminhos  da URSS,depois de Stálin, fizeram crer  que  aquele  estado  monstruoso  tinha  a tarefa  desta implantação,mas,na  verdade ele    era  algo  totalamente contrário  ao  que  Marx  dizia.
Guevra  sabia  disso.Apesar de ligados  à URSS,Fidel e Guevara  sabiam  que a  sobrevivência  real da  revolução  cubana  dependeria  do espraiamento  da  revolução  no  mundo.É    que  entra  o  conceito emitido  por  Guevara dos  muitos  Vietnãs.
Não  havia escapatória  para  ele,que  queria  apoio da URSS(sem receber)para  a  industrialização de Cuba,condição  prévia  histórica  do comunismo.
A  viagem  final de Guevara  aos  países  do oriente e  à  União Soviética era  para,entre  outras  coisas,modificar  este  quadro.Contudo,tanto  soviéticos   quanto  chineses,se  mantiveram dentro  de  uma  política  nacional/nacionalista,dentro  do chauvinismo de grande  potência  que  não era  mais  do que  continuação do  antigo  regime  e da  dependência  destes  países “  socialistas” em relação  aos  capitalistas.Preferiram a  coexistência pacífica,o  concerto  das  nações.
Como um país  dito  comunista  pode  implantar o comunismo dependendo economicamente  do  capitalismo?A  conivência  indireta  destes  países  com a  destruição do Vietnã  é algo  que  precisa  ser  analisado e o analisarei pròximamente.
Mas  o  que  nos  interessa  é  ver a  justeza,neste  caso,do pensamento de Guevara(não em todos).Com a sua  saída de Cuba ,por imposição da URSS,a ilha   ficou  como  os  seus mentores.
Mas,em Guevara  e  Fidel  havia a esperança de que  com os muitos  Vietnãs  que  o  primeiro desencadearia  da Bolivia,a  situação revolucionária  se recuperasse.
Não  acontecendo  o  mundo se  tornou este  que  temos,de continuidade das nacionalidades e dos  internacionalismos manipulados pelo G-8 e  ainda  que  seja  assim,dentro de uma perspectiva  de mudança  possível destas nações num sentido de superação d a  miséria  e da  desigualdade  não há  como  não pensar  em paradigmas análogos  aos do guerrilheiro:não  haverá  superação desta  globalização  perversa,que não é mais do que a continuação  do  que os processos antigos  de exploração  imperialista fizeram  no terceiro  mundo,se este  não se unir  para  confrontar  o  primeiro.
Embora a  lógica  revolucionária  não esteja presente,o  raciocínio de  libertação  da  sociedade  moderna  obedece  à  constatação  já feita tantas  vezes  de que  a miséria  global  é fruto  do passado imperialista.
Mas as  relações  políticas deste passado continuam aí e  precisam ser rompidas de modo que  o fato  claro de que   não existem só os países  do G8 seja  reconhecido.Dsede a  primeira guerra  mundial,uma guerra  imperialista,que  se tem certeza  de que  se  a balança  dopoder  não se equilibrar em favor  da maioria pobre,a  situação  atual vai continuar e  a utopia será algo sempre distante.
O  próprio Osama  Bin Laden,na  sua autobiografia,embora  anti-comunista,usa  estes  pródromos  de Guevara  para  a sua estratégia  de cansar o  imperialismo e obrigá-lo a  gastar  o  que  não tem  até  que quebre(como a conteceu na URSS na  guerra  do Afeganistão).
Contudo este  conceito não é novo,  vindo desde  o  momento  em que o imperialismo  causou  as desgraças no terceiro  mundo e a guerra de 14-18.

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