artigo
dedicado à Radio Tupi e à folha de São Paulo.
A
direita costuma usar Marx de diversas formas,para desmoralizar a
esquerda em geral.Uma das questões mais recorrentes é atribuir a
Marx o caráter de um plagiador de outros autores e isto é em grande
parte verdade,mas a direita,tanto quanto a esquerda ,plagia.
Eu,por
exemplo,sou muito plagiado.O ter publicizado a carta de Freud sobre o
menino homossexual,rendeu um monte de gente que usa esta “
descoberta”,que já fora publicizada por Jurandir Freire Costa na
década de 80 e que já era conhecida há pelo menos sessenta anos!No
artigo que escrevi deixei tudo isto claro:em momento nenhum
reinvindiquei originalidade.Apenas fiz pesquisa e comentários sobre
esta carta,prcurando trazer fatos novos,procurando fazer novas
descobertas,se possível.
Isso
rendeu uma repercussão na Globo News ,no tempo da Copa da Rússia e
agora psicanalistas radiofônicos a usam,do mesmo modo que eu.Não
tem problema neste caso.
Mas
em outros a coisa se torna mais séria e eu aqui uso um exemplo
tirado da vida intlectual de Marx:muitas idéias de Marx ele as tirou
de outras pessoas.
No
primeiro volume de “ A Ponte”escrevi um artigo sobre a
personalidade de Marx.Quando Lassalle conheceu Engels e as suas
idéias ele disse ao segundo que “ iria apresentá-lo a um homem
que era mistura de Voltaire e Lessing” e eu frisei que tal revelava
muito do que Marx era:semelhante a Voltaire,que não possuía uma
filosofia original,mas usava idéias de outros para construir um
pensamento.
Isso
se aplica a Marx e a pessoas do mundo radiofônico e à direita:de
fato Marx era muito colador.Ele reorganizava idéias e dava-lhes um
outro sentido,dentro de um outro sistema.
Isto
ocorre quanto à “ sua” concepção de “ ditadura do
proletariado”.Numa carta famosa a Kugelman ele se refere à “
sua” concepção,mas o conceito de ditadura do proletariado veio se
desenvolvendo até o tempo dele,desde a Revolução Francesa.
No periodo que vai de 1792 até 1847,a classe operária,o subproletariado urbano de Paris(sans-culotes)entendeu que não poderia fazer,como fizera,aliança com a burguesia revolucionária,porque,no final,esta última sempre levava vantagem e passava por cima dos operários.
No periodo que vai de 1792 até 1847,a classe operária,o subproletariado urbano de Paris(sans-culotes)entendeu que não poderia fazer,como fizera,aliança com a burguesia revolucionária,porque,no final,esta última sempre levava vantagem e passava por cima dos operários.
Foi
assim que se gestou o conceito,que se cristalizou na figura do
revolucionário francês Auguste Blanqui.
O
editor das obras de juventude de Marx,David Riazanov,que se tornou
curador das obras do marxismo na antiga URSS,no Instituto
Marx-Engels-Lênin(nomenclatura atual),escreveu um texto em que
contestava a comparação entre Blanqui e Marx,mas a sua distinção
não invalida a origem do termo de Marx,”ditadura do
proletariado”em Blanqui.
O
que Riazanov diz é muito parecido com a discussão do século XX
sobre a luta de massas e o foquismo da revolução cubana(Che
Guevara):Marx não defendia uma luta direta para tomada do poder do
estado,mas a luta de massas.Contudo a aceitação da ditadura é nos
mesmos moldes propostos por Blanqui.E a ideia é de Blanqui.
Ao
falar em ditadura do proletariado Marx devia ter reconhecido a origem
e a declarado.Isso é importante porque no contexo da vida
intelectual de Marx há um aspecto digno de nota,para identificar os
problemas fundamentais do marxismo:o cientificismo.No volume III de “
O capital”,Engels compara Marx a Lavoisier.Para Engels Marx
representava uma ruptura científica quanto ao passado do movimento
social e comunista(que existia quase cem anos antes),assim como
Lavoisier superara ( com a balança)a alquimia.
Estes
dois exemplos são fruto do cientificismo,que vendeu esta ruptura
para fins de luta contra a superstição e aquilo que não tinha
método.Isto em parte é verdade também,mas o passado,o presente e o
futuro de todo o processo de conhecimento se faz não necessariamente
por rupturas,mas por tateio,por experimentação constante,nem sempre
rigorosa e metódica.
Depois
de Lavoisier,a ciência passou quase cem anos tentando compreender e
provar a existência do átomo sem conseguir e num tateio cego que
apresentava erros e acertos.
O
conhecimento é assim.
Marx(
e Engels)achava que a sua contribuição punha no lixo o seu
passado,soterrado no conceito duvidoso de “ socialismo
científico”.Mas o movimento social é plural,o passado conta no
presente e a luta não se identifica obrigatoriamente com uma
concepção cientifica e ,muito menos,com o marxismo.Marx devia ter
citado Blanqui,por dever de honestidade e de valorização do
movimento social.
Em
outra das realizações de Marx eu dou de lambuja uma “
novidade”,cuja descoberta eu reinvindico como minha e exijo
reconhecimento.
Riazanov
,num outro livro,composto de preleções sobre a vida intelectual de
Marx e Engels,mostra que a famosa frase “ Operários de todos os
países uni-vos” não era dele.
O
episódios de 1847 e 1848 são contados por Riazanov:havia uma crise
cada vez maior entre Weitling,chefe da liga comunista dos justos(a
Liga dos Alfaiates[Weitling era alfaiate]).Esta crise girava em
torno da concepção da luta de classes,tema muito comum naquela
época.Weitling e a Liga dos Justos não aceitaram as visões Marx de
que os interesses dos trabalhadores não se coadunavam com os da
burguesia e que esta devia ser suprimida por uma revolução.Numa
última reunião tumultuada muitos saíram da organização por causa
de Marx,que ,ele também ,deixou o movimento.
Apesar
de cético quanto às possibilidades de seu pensamento ser aceito em
outras organizações comunistas ,Marx e Engels receberam uma
proposta de uma outra Liga para fazer uma profissão de fé comunista
a lançar na Revolução esperada.Engels mudou esta idéia para um
manifesto e convidou Marx a participar das reuniões deste grupo.Na
primeira nenhum dos dois participou,mas na segunda,Marx
conseguiu,mais ou menos ,e contrariando o seu ceticismo,convencer os
militantes a comungar de suas visões e aí,com a ajuda de sua Jenny
e de Engels escreveu o Manifesto Comunista.
Ocorre
,no entanto,que Riazanov prova que Marx viu a frase final de seu
Manifesto em revistas editadas pela Liga dos comunistas,uma edição
única,de seis ou sete exemplares e colocou em seu texto.Riazanov
tinha estas revistas,duas delas.
AQUI
NO BRASIL EU É QUEM TRAGO ESTA REVELAÇÃO,QUE NÃO É CONHECIDA POR
NINGUÉM E REINVINDICO O RECONHECIMENTO DESTE TRABALHO.
Muitos
vão dizer que isto não tem muita importância,mas eu objeto que não
raro a verdade ,por menor que seja,oferece uma compreensão mais
exata do mundo e da sociedade.
Esta
frase mostra que o socialismo é obra de coletividades,não de uma
pessoa só.Em outras ocasiões outras frases atribuídas a Marx
descortinam melhor a vida:Frei Betto afirmou numa entrevista que a
frase “ A religião é o ópio do povo”,não é de Marx,mas de
Kant.Ainda não encontrei esta prova,continuo procurando,mas se for
fato ,prova que a crítica iluminista da religião não proveio só
de Marx mas do iluminismo alemão,que influenciou Kant.
Muita
gente em certas rádios,sem conhecimento,só falam no iluminismo
francês,extremamente anti-católico,mas o iluminismo alemão é tão
importante quanto e se imbrica com o cristianismo e mostra que o
comunismo vem do cristianismo,pertence à tradição judaico-cistã
de Bolsonaro.Marx foi tocado pelo iluminsmo alemão e este é em
grande parte comunista.Lessing era comunista.
Se
consultores da radio tupi se referirem a esta minha descoberta espero
ser citado,pelo menos,em nome da minha pesquisa,que não precisa de
canudo para ser válida.
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