Com os
artigos que fiz sobre a ideologia
alemã,mostrando que a idéia do comunismo é bem simples,podemos dizer que o
estudo da “ anatomia” da sociedade não se dissocia daquelas afirmações do jovem
Marx.
Existe sim
um jovem e um velho Marx,na medida em que ele centra mais fogo na ciência do
que nas especulações filosóficas de sua juventude.Contudo eu disse também que
Marx publicou aquilo que ele considerava
deveras importante e foram predominantemente os estudos sobre a “ anatomia” da
sociedade capitalista os publicados,o que induziu a todos a descartar ou
entender errado o abandono dos textos primeiros,para criar e aceitar esta
dicotomia entre um “ primeiro” Marx e um “ segundo “ Marx.
Não quer
dizer que porque não publicou não tem
importância na obra posterior dele.Apenas o modo de resolver o problema
colocado por ele no passado adquiriu prioridade óbvia.
A
focalização da dicotomia alienação/fetichismo da mercadoria,ensejou as
discussões sobre o “ corte epistemológico” que faz nascer o “ Marx cientista”,deixando para trás
o iniciante,o amador,não sei como definir.
Mas nos
textos que eu li aqui com os senhores sobre a revolução na Rússia,fica claro
que a não publicação não significa abandono de idéias.
Também
jogou um terrível papel nesta confusão a questão das idéias.Por aí nós podemos
efetivamente opor um velho Marx ao novo,porque é claro que ele atribui muito
mais importância ao conhecimento da economia como elemento de ajuda às armas
reais que farão à revolução,do que ao convencimento intelectual.
Mas assim
como não se deve seguir tudo o que um autor diz dogmaticamente,a hermenêutica
se aplica a qualquer autor e principalmente a Marx,que deve ser lido,às vezes,e
não raro,contra ele próprio.
As idéias
não são opostas à materialidade,à economia,à ciência.Ele,Marx,não pode
compreender melhor a autonomia das
idéias e por isto a questão de resolver o problema da subsistência pareceu
levar de roldão as necessidades culturais deste ser alienado sob o capitalismo.
Então eu
não me preocupo a mínima em seguir e repetir os textos de Marx,mas os
interpreto e os atualizo:existe uma dicotomia não na ciência mas na priorização
pura e simples dos objetivos intelectuais de Marx,mas não existe na medida em
que as idéias podem e deve ser incorporadas ao processo(contra ele[talvez])
A
libertação do fetichismo leva de roldão a alienação.Isto é discutível aos olhos
de hoje,mas não há abandono da alienação em Marx,no velho Marx, e não há substituição
da especulação juvenil em nome da ciência,um erro do cientificismo
moderno,cristalizado no citado “ corte” e que será assunto do próximo artigo,bem
como a
questão da alienação.
O que eu
quero dizer aqui é que a luta para desenvolver a humanidade não é só no plano
das condições de existência,mas na
formação de um novo cidadão ou homem e não é esta formação mero reflexo
objetivo e ela se dá não pelo que a economia diz ,mas pelo que deve dizer à economia a ação
politica,senão inverteríamos o problema:o objeto gera o sujeito,o que não há
como se depreender de Marx ,nem lhe associar como pensamento básico.
Não é
porque as crises no capitalismo acontecem que o comunismo virá,mas virá se os
processos de controle do capitalismo e que geram estas crises forem aplicados.
Se o
estado intervier;se a acumulação primitiva e a criação do exército industrial
de reserva forem evitados pelos sindicatos;se o consumismo for combatido dentro
do equilíbrio entre as carências culturais e de sobrevivência,porque não se
admite controle ao consumo cultural,mas há uma via para legitimar este
controle,outro assunto,para outro e próximo artigo.
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