Eu
sempre tenho que esclarecer aquilo que digo aqui,principalmente
neste tema.Quando digo que as idéias são essenciais no processo de
mudança,não estou dizendo necessariamente que para se chegar à
utopia é preciso escola(antes da economia),embora esta mediação
seja essencial.
O
problema é complexo:o que disse,seguindo uma tradição crítica da
revolução russa, é que ficou evidente que sem pré-condições
subjetiva e objetiva,toda tentativa de implantar o socialismo e o
comunismo redunda em ditadura permanente e barbárie.
A
exigência desta condição implica em uma sociedade industrial em
que o trabalhador dispõe de conhecimentos prévios capazes de
fazê-lo trabalhar em prol da superabundância de bens.Não há como
obrigar um camponês acostumado em gerações a usar o arado,a usar
um computador de uma hora para outra.
Também
os valores das pessoas jogam um peso decisivo.As distinções feitas
por Max Weber entre a mentalidade católica e protestante têm um
significado considerável.
Isto
não impede de modo algum que se busque discutir em determinados
contextos só o problema econômico,mas com a resolução prévia
destas premissas.
Num
país como o Brasil é claríssimo que só vai haver desenvolvimento
se houver educação,porque o povo brasileiro está excluído da
escola e não pode competir com outros países,em que o sistema
educacional é melhor.
Acaso
isto não é o predominio das ideias sobre a economia?Tem isto em
Marx?Claro que não.
As
relações entre as idéias e a matéria são as mesmas do marxismo
com a sociologia,com o método descritivo-compreensivo:ambos têm o
seu lugar e colaboram,mas há certas coisas que só com uma ou com
outra.
No
caso das idéias só a sociologia dá uma resposta coerente e
real.Marx é um dos fundadores da sociologia quando fala na “
Ideologia Alemã”,” nas relações materiais de produção” que
sustentam as condições materiais de existência(na parte referente
a Feuerbach),mas se esqueceu da troca simbólica,do fenômeno
associativo,desvelado por Comte,o verdadeiro criador desta
disciplina,a “ ciência” da sociedade.