sábado, 28 de outubro de 2017

O significado da “ coexistência pacífica”



Vejam este vídeo abaixo:


Estas afirmações de Stálin são falsas.De 1917 até 1958-59 a URSS vivia na completa escassez de bens de consumo.Os planos  qüinqüenais ,derivados da venda do trigo da Ucrânia ao ocidente,privilegiavam  a indústria pesada.Esta era uma tendência da época pós queda da bolsa de Nova York,em 1929.
Na URSS de Stálin a “ coletivização pelo alto” consagrou este princípio,às expensas dos bens de consumo.
Ao morrer, Stálin deixou uma quantidade imensa de problemas para seus sucessores:prisões cheias;escassez;e principalmente uma profunda ilegitimidade do regime,se não se modificasse.
Nós vemos pessoas no Brasil,por exemplo,atribuindo o liquidacionismo do comunismo às ações de Kruschev.Que deveria ter mantido as coisas como na época de Stálin(como é hoje na Coréia do Norte,país farol de muita gente aqui no Brasil...).Mas isto era inevitável e era inevitável que se ele não o fizesse a debacle do regime se daria naquele momento mesmo.
O que ele fez?Lançou os conceitos de degelo e coexistência pacífica com o regime capitalista.A idéia de conseguir chegar ao comunismo no Ocidente através dos parlamentos deriva deste último conceito.Degelo significava  libertar os prisioneiros dos campos de concentração,abrandar a censura(o que não foi muito aplicado).
No final de seu governo Kruschev intentou um tipo de multipartidarismo,mas foi apeado do poder pela burocracia criada pelo stalinismo(muito embora ele lhe pertencesse também...).
Mas o que está por trás do conceito de “ coexistência pacífica” é a necessidade do governo soviético de se legitimar diante do povo que já não suportava mais a falta de bens de consumo.Logo depois de lançado este conceito as trocas comerciais da URSS com os EUA se intensificaram,com visitas de missões comerciais estadunidenses.Neste tempo avultou em importância a figura de Anastas Mikoyan,como o negociador da URSS.


Dentro deste contexto é que ocorre o famoso debate da cozinha que pode ser visto neste vídeo:


Por que eu ponho estas questões aqui?Porque é falacioso que a URSS progrediu desde o inicio sozinha,fechada,como eu ouvi tantas vezes,em todos os lugares,inclusive em casa.Isso corrobora o que tenho dito e o que está de acordo com a  teoria do comunismo:não há comunismo nacional,como não há país que possa se isolar,notadamente industrial, e com uma população que busca a modernidade,uma população que não é passiva.
A “ coexistência pacífica”, que sempre foi rechaçada pelas viúvas do stalinismo,é ,veladamente a derrota do projeto comunista iniciado por Lênin em 17.E a posição das referidas viúvas nem por isso é menos derrotada.
A esperança ,e isto ,por exemplo,está no pensamento dos revolucionários cubanos,bem como no dos comunistas ocidentais,que depois se uniriam sob o conceito de “ eurocomunismo” era que a Revolução Mundial se fizesse finalmente e que tirando a URSS do isolamento e de uma possível dependência dos países capitalistas o desenvolvimento em direção ao comunismo se realizasse por fim.
Contudo a tendência que predominou foi a da dependência e esta marcou a vitória ocidental  capitalista sobre a URSS,dentro da estratégia elaborada pelos liberais e a direita,que numa competição extremada com a URSS a conduziu a uma falência progressiva,no tempo de Gorbachev.
Muita gente diz que a liberação dos países do leste por parte da URSS de Gorbachev,que retirou as tropas destas nações, foi um gesto democrático,que acabou favorecendo as “ revoluções de veludo”,mas foi uma resposta obrigatória do líder soviético a uma situação objetiva,que se impunha a ele e a ela.
Hoje os chineses tão citados competem de maneira multifacetada com o ocidente para evitar os erros da URSS.Quando Reagan lançou a iniciativa de defesa estratégica,o  projeto “ guerra nas estrelas”,a URSS não teve mais como acompanhar o ritmo do capitalismo.

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