No tempo do marxismo ortodoxo,em que só se via a saída da revolução, toda a estratégia
reformista era vista como “ conciliação de classes”.O acúmulo de forças do trabalhador frente à burguesia era só para
preparar o “ momento da virada”.
Contudo nas relações de luta e de reivindicação dos
trabalhadores frente aos patrões se
verificou que a revolução poderia ser uma aventura ,que poria a perder as
conquistas do mundo do trabalho.
Esta é a razão pela qual no ocidente a revolução acabou
gorando.Os setores radicais acusavam o fim da revolução como conciliação,mas a
verdade é que os trabalhadores obtiveram extraordinários ganhos até aos dias de hoje.
Estes ganhos não são definitivos,pois ainda existem muitos
problemas,inclusive do desemprego.É certo que o posicionamento da classe
trabalhadora no ocidente nos faz lembrar o pensamento de Lênin sobre a “
aristocracia operária”,que,exclusivista,não liga para os ainda fortes problemas
causados pela exploração capitalista(que existe[ainda]).
A saída,no entanto,não é a revolução,mas o aprofundamento da
questão social,que a estratégia reformista,a meu ver,serve de método.
Este aprofundamento coloca em cheque coisas que são basilares
no capitalismo ,que reage quando atacado,das mais diversas formas.
Mas não tem jeito.É preciso compreender quais os temas
decisivos de uma política reformista de esquerda,radical no sentido original de
buscar os fundamentos desta complexa rede de problemas que vemos por aí,com
situações de miséria que deveriam ter sido já resolvidos e não foram.
Vou repetir o que tenho dito nestes artigos ,já há anos a
fio:o problema não são os valores da comunidade universal,os direitos
humanos,que como Bobbio afirma,ninguém é mais contra;são os problemas que derivam
da organização das nações.
Outrora as revoluções eram internacionalistas,mesmo a Revolução Francesa,mas a causa do fracasso
delas,o problema nacional,está presente também nas estratégias políticas desta
esquerda quase morta ,ainda mais com a derrota de Hillary.
Ao ocorrer em 2008 a crise do subprime movimentos
anticapitalistas surgiram na Europa em profusão e aí estão.Estes movimentos não
tiveram conseqüência nenhuma porque,entre outras coisas,usaram e usam as
ultrapassadas categorias do marxismo,que só preconiza total rejeição do capitalismo,o que não é mais
possível de fazer.
Eu tenho consciência de que estas afirmações são escandalosas
para um radical de esquerda tradicional,mas não tem jeito:é dentro das balizas
do capitalismo que teremos que pensar uma solução para a questão
social,admitindo a inclusão total do e no mundo do trabalho de todos os excluídos.
Enquanto isto não vicejar nos movimento sociais não haverá um
reformismo capaz de solucionar o imbróglio.
Vou aprofundar estas questões mais para a frente,nos próximos
artigos.
Mas por hora nós temos que responder à questão titulo deste
artigo:o fato de usar a reforma para obter ganhos não significa
conciliação.Conciliação é propor projetos políticos que não tocam na raiz da
exploração.
Eu escrevi este artigo pensando no que é o PT hoje e
sempre,um partido da conciliação de classes,que entende erradamente que
assistir e oferecer crédito fácil aos pobres é mudar a situação social de
exploração dos trabalhadores.Ledo engano:conciliação de classes é isso,é fazer
algo que serve aos propósitos do capitalismo,uma espécie de caridade.O que não
é conciliação é arrancar dos patrões limites ao seu poder.