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Uma contraposição entre Marx e seus seguidores.

É  muito  elucidativo,no  propósito  de analisar  o  que  é  a  militância  comunista,contrapor  as  figuras de  Marx,essencialmente  um intelectual(não  político)e  os  políticos  que  estavam  com  ele  ou  não.

Antes  ,é  preciso demonstrar  com  clareza  o  que é  o nexo  teoria/prática.No  marxismo  não  existe  ação revolucionária  sem  capacidade  de teorizar,a  partir  do  conhecimento  da  teoria,dos  textos,algo  obrigatório  e  distintivo  no  movimento.Para  qualquer  idade,o  militante  que  entendeu  os  textos  está  apto  a  atuar  revolucionáriamente.Existe  um  igualitarismo  a  partir  daí.

Mas  ao  longo da  História e  talvez  com  uma  ajudinha de Marx,  muitos  entendem  que  o fazer  teoria  é  suficiente  para  explicar  a  orientação devida  do  movimento.Marx  ao  falar  da  economia  como  a  anatomia  da  sociedade  capitalista  , a  qual  devia  ser conhecida  para  ajudar  na  revolução , deixou  dúvidas  em muitos  incautos  posteriores  e  na  sua  época  de  vida.

Vou  dar  dois  exemplos  que  esclarecem  isto.Um  na  sua época e  outro  depois.

Marx  tinha  como  um dos seus  colaboradores,notadamente  na  construção  do Partido  Social  Democrata  Alemão,Ferdinand  Lassalle.Na  luta  política,Marx  queria  municiar  teoricamente  os  militantes  no  sentido  a  que  nos  referimos acima.

 

Ferdinand  Lassalle

Num  determinado  momento da luta  Marx  dissentiu de Lassalle,porque  este  aceitou  a  proposta  de  proteção  trabalhista  proposta  por  Bismarck.Marx  entendeu  que isto era  traição.

Para  Marx a  luta  se  reduzia à  compreensão  da  necessidade  por  parte  do  trabalhador  de compreender a  sua  situação de exploração  na  sociedade  capitalista,para  preparar  o  momento  da  revolução.A  concordância  com  o  projeto  de  Bismarck  era ,a  seu  ver,um recuo  neste  propósito,ao  que  Lassalle   respondeu que  se  o  trabalhador  tivesse condições    de proteção  teria  mais  condições  de  atuar politicamente e  fazer  a  revolução  que  o  libertaria.O  fato de  concordar  com  o  projeto de  Bismarck  não  acabava  com  a exploração,mas  dava  mais  tempo  ao  operário  para  entender a  sua situação  e  se  rebelar.

Não  adiantou e os  dois  se  separam  em definitivo.

 

 Marx

Anos  depois,Lênin,um  misto de político  e  intelectual , sacramentou  o  erro de  Marx(esta é a  minha  posição  já  viram) e  tal  é  demonstrado  na  sua  brochura  “Imperialismo-Fase  Superior  do  capitalismo”.Aí  ele  diz  que  a  concentração  capitalista  levaria  os  paises  centrais  a  buscar  inevitavelmente  os  mercados  externos  e  na  falta  destes  haveria  uma  crise  ,cuja  eclosão  colocaria   na  ordem  do  dia a revolução  social  comunista.Lênin  afirmava  sempre  que  a  política  é  “ a  expressão  concentrada  da  economia”.

Mas  não  é  assim  não, e  a  História  o demonstrou.As  crises  e  contradições  econômicas  geram  cataclismos  politicos  ,mas  isto não leva  à  revolução  social s e não  houver  um partido e  uma  sociedade  previamente orientados  ,ao longo  dos  anos,para  esperar  este momento.

A crise  de  29  jogou  os  Estados Unidos numa crise  que  chegou a  produzir  em  1935  17 milhões  de desempregados.Porque  não  houve  uma  revolução comunista,como certos  grupos desejavam?Porque  não  havia  um  Partido Comunista  forte  capaz  de  orientar  este  processo.Como  seria  a  História  do  Mundo  se  houvesse?

Marx  e Lênin  estavam  errados.A  política é  autônoma  em relação  à  economia.Embora  Lênin  tivesse esta  consciência , já  que propugnou   e construiu  uma  revolução  no  seu  país,atrasado,achava  que  no  momento  da  revolução  mundial,que  ele  sabia  ser necessária,pensou  do  mesmo  modo que  Marx.Era essencial  compreender a  teoria  da  revolução  e  não  favorecer nunca  a burguesia,nunca  negociar  com  ela,porque  o  que  levaria  os  trabalhadores  à  revolução  era a  inevitável  explosão  que as contradições  capitalistas  levam  este  sistema  ao  seu  final.Vê-se  este  seu  pensamento  em sua outra  brochura “A  doença  infantil  do  esquerdismo  no  comunismo”.

O  problema  é  saber  o  que  conduz  os trabalhadores  à  revolução.Do  ponto de vista  de  Marx e Lênin  tinha  que  haver uma  ruptura  e qualquer  negociação  a  impediria.É  verdade,a  posição de  Lassalle  conduziu  ao reformismo  da  segunda internacional,que  Lênin  repudiava  como  traição(O  Renegado Kautsky  e a  revolução de outubro).Mas  ficou  claro  que  a  política tem  autonomia  e  que  as crises  não  levam  a  nada  se  não  houver  uma  preparação  político/partidária,capaz  de  aproveitá-la. 

Lênin  jovem