De modo geral o comunismo,no seu
sentido real, está embutido no socialismo e mesmo no
capitalismo.Mesmo no capitalismo não,ele deriva,segundo Marx(e
outros, no iluminismo alemão)das condições criadas pelo
capitalismo.
Conforme eu já expliquei em
outras ocasiões,o esquema geral do comunismo se entende pela imagem
abaixo,analisando-a:
Na comunidade primitiva,antes da
civilização(das primeiras cidades)e da História,o princípio do
iluminismo alemão(Lessing),” de cada um segundo a sua capacidade,a
cada um segundo sua necessidade”já estava implicito e o
cristianismo,nas suas comunidades dos dois primeiros séculos de
nossa era,o repetiu.
Mas este comunismo
primitivo,baseado numa escassez inevitável,foi retomado no século
XVIII,diante da primeira onda industrial,cujo ápice aconteceu em
1750(Hobsbawn).Os iluministas alemães se deram conta de que este
esquema cristão podia permanecer diante da superanbundância de
bens,algo que era agora possível de obter com as máquinas.E de
quebra se recuperava aquilo que havia de bom na comunidade
primitiva:a ausência de classes,a uniformidade do ser humano,do
gênero humano.Uma realidade que foi perdida e que deveria ser
recuperada.
Eu,pessoalmente diria,que o
esquema de Platão podia ser aplicado aqui:os homens perderam a sua
idade de ouro e lutam séculos para (re-)voltar atrás.A utopia
comunista tão identificada com o futuro na verdade é um retorno e
Marcuse ressaltou bem isto.Tratarei disto aí em outro artigo,no blog
temas.
No artigo anterior sobre Florestan
eu disse que o socialismo não é ainda comunismo(bem como o
capitalismo ora...),o que causou espécie em muita gente.
Os governos socialistas colocavam
à disposição da sociedade inteira tudo o que era produzido,que é
um dos objetivos do comunismo:todos terem acesso imediato a tudo e
com tempo livre para se dedicar a qualquer coisa.
Agora,no Brasil,se fala muito em
certas rádios,em uma renda básica universal,para que aquele que
está irremediàvelmente desempregado,possa fazer isto,com tempo
livre,mas isto está na “Ideologia Alemã” de Marx.
É verdade,o socialismo,embora
ainda não comunismo,se compromete a realizar esta comunização
geral,mas esta,foi isto que eu disse,não é legitima,porque ela é
baseada numa escassez,com o compromisso de crescimento econômico e
superabundância dificil de conseguir,no plano regional ou nacional.
Ao distribuir,por exemplo(como
ocorreu de fato),moradias para todos,sem capacidade produtiva,tal
distribuição não só não é equitativa,porque não há moradias
de qualidade para todos,como repete os problemas do
capitalismo,porque pessoas desigualmente consideradas vão exigir
itens melhores,segundo a sua atividade e importância social e
politica.Talvez mesmo o socialismo,neste passo,crie distorções.
Por isto Marx nunca apoiou o termo
socialismo,porque ele advogava a ditadura do proletariado,que criaria
as condições para a implantação o mais rápido possível do
comunismo.Admitia a fase do socialismo,como a da ditadura,se fosse
por pouco tempo,como os seis meses da ditadura do consulado romano.O
socialismo iguala desiguais e a permanência ,no tempo,desta
situação,cria distorções.
Por isso concordo com Slavoi Zizek
que de que o termo legitimo é comunismo e não socialismo,que é
usado inclusive pela direita(nacional-socialismo).
As distorções referidas são
aquelas do inicio do bolchevismo ,que colocava dezenas de pessoas
miseráveis em mansões para obter apoio politico,sem considerar
muitas vezes que mo meio do povo muitos desqualificados e mesmo
criminosos estavam,ferindo,a longo prazo a confiança no socialismo
e desestimulando a competição,porque o homem de bem era igualado ao
vagabundo.
Não há necessidade de tomar o
que é do outro( a não ser por um pressuposto legal provado,seja no
socialismo ou no comunismo),nem de destruir as igrejas para oferecer
oportunidades a todos,a não ser que se considere determinadas
classes ou religiões potencialmente inimigas do comunismo.
Assunto de que falarei mais à
frente.