Todo mundo fala sobre
o internacionalismo de
Marx mas poucos
têm conhecimento dos
textos,dando-se ao trabalho de pesquisar e verificar
que não existe,nele,"comunismo nacional".
Na citação abaixo
tirada de " A
Ideologia Alemã":
“(...)Premissas
para a revolução comunista:
(...)1)comunismo não pode
existir como um fenômeno local;2)as forças
de inter-relacionamento não
poderiam ser desenvolvidas como
universais,conseqüentemente ficando
como poderes insuportáveis:elas se manteriam como condições de
sobrevivência cercadas pela superstição;3)cada extensão das relações
inter-sociais aboliria o comunismo local”.”
Estas afirmações de Marx,feitas na “ Ideologia Alemã”,não
foram nunca negadas por ele,na sua
condição de “ velho Marx”.E há um velho Marx ?
Fica claro que
Marx tinha esta
visão e não
há razão para se
dizer que ele
tenha abandonado esta
concepção óbvia de que só
é possível mudar
o mundo do trabalho universalmente e
não nacionalmente.
O problema,o complicador
é o
que ele disse
aos narodniks russos sobre
a possibilidade de
uma revolução na
Rússia,uma país em que as condições objetivas e subjetivas do socialismo não estavam dadas(por um capitalismo atrasado).Na década
de 80 do século XX
se dizia que
Marx pressupunha condições
objetivas e subjetivas para a
revolução e isto
é verdade,mas havia uma dúvida
quanto se poderia
algum país passar por cima
das etapas do
capitalismo(evitando seus problemas).É
forçoso dizer que
pelos textos abaixo
ele admitia e ,por
isso tem um pequena ,porém,importante participação
nos acontecimentos terríveis
futuros da Rússia.
Cit.:”este(Tchernichevski) colocou a questão
em alguns artigos notáveis, o
problema de se a
Rússia,para abraçar o sistema capitalista,necessitará começar por destruir-como
sustentam os economistas liberais-a comunidade rural ou se,pelo contrário,sem
necessidade de conhecer todos os
tormentos deste sistema,poderá recolher todos os seus frutos no caminho de desenvolvimento de suas próprias
peculiaridades históricas.E ele opta pela segunda posição(...).Para poder
julgar com conhecimento próprio as bases de
desenvolvimento da Rússia ,aprendi o russo e estudei durante muitos anos memórias oficiais
e outras publicações referentes a esta
matéria.E cheguei ao resultado seguinte:se
a Rússia segue marchando neste
caminho que vem percorrendo desde 1861,desperdiçará a mais formosa ocasião que
a história lhe ofereceu para se esquivar
de todas as fatais vicissitudes do
regime capitalista”.(escritos sobre
Russia II,p.63,1877).
Na verdade foi um texto famoso de Herzen que enfatizou o papel possível de
desenvolvimento do socialismo naquele país,a comuna rural,mas este debate ,como demonstra o texto acima se deu em
relação a dois importantes narodniks:Tchernichevski
e Vera Zassúlitch.
Existe um ruído,diríamos
hoje,entre Marx e os populistas,porque estes pensam que Marx não os apóia ,mas
Marx demonstra concordar com eles.
Nós vemos que dentro
das limitações da Rússia a
que vimos nos
referindo,bastava,para ele,desenvolver as relações
econômicas para,mudando-se no sentido
do comunismo,libertar o mundo
do trabalho.Assim Lênin
fundamentou a revolução russa
nesta base , acreditando que criar
um estado forte capaz
de fazer estas mudanças abriria o caminho.Pelas razões
a que temos
aludido o que
se formou na Rússia foi
um estado totalitário,um estado inchado,pior do que o do czarismo.Porquê ?Porque
as referidas bases não estavam
presentes.
O curioso é que há uma
discrepância evidente entre Engels(e
Plekhanov)e estas afirmações de Marx.Marx se recusa a produzi uma filosofia da história,um
etapismo,mas os dois citados acima dizem
outra coisa.
Como vemos abaixo existe em Engels um texto em que ele
condiciona o surgimento do socialismo ao desenvolvimento completo do
capitalismo,no que é considerado o fundamento do etapismo no marxismo.Engels
disse uma vez que este etapismo é incontrastável e
inarredável,chegando mesmo a dizer que só existiria o socialismo porque existiu
uma vez o escravismo antigo.
Engels pôs este texto
no Volksttaat,para se defender de ataques de um certo Tkachov,quanto às posições
do amigo de Marx sobre a realidade
russa.
Cit;”A revolução ,que aspira o socialismo moderno
consiste,brevemente falando,na
vitória do proletariado sobre a
burguesia(...)Por ele se precisa ademais da existência do proletariado(...)da burguesia(..)Entre os selvagens
e os semiselvagens também costuma haver
diferenças de classes e por este estado
passaram todos os povos ,(..)Porém os Sr. Tkachov quer dizer que esta
revolução será socialista,que implantará na Rússia,antes de que nós no Ocidente
o consigamos(...)e ele em uma sociedade em que o proletariado e a burguesia só
aparecem,no momento,esporadicamente e se
encontram em um baixo nível de desenvolvimento!E se nos diz que isto é possível
porque os russos constituem,para dizê-lo assim,o povo escolhido do socialismo
ao possuir artefatos e a propriedade comunal da terra!”(escritos sobre Russia,p
71,74,75)
Existe uma discrepância entre Marx e Engels!
Estas oscilações,se é que podemos dizer assim justificaram a
revolução na Rússia.
Esta questão é ,a meu ver,do ponto de vista lógico,um pouco bizantina.Do ponto
de vista real não.É lógico que é
possível,depois da tomada de consciência
das condições para implantação do
comunismo,que os revolucionários podem criá-las,mas este processo não pode
passar por cima das conseqüências subjetivas que o desenvolvimento objetivo do
capitalismo gera.Não é questão apenas de
desenvolver estas últimas.Esta mudança impõe outras no plano
subjetivo,que,no caso da Rússia,não se
formariam.
E as exigências deste desenvolvimento objetivo trariam conseqüências
tão nefastas quanto aquelas atribuídas ao capitalismo,como se viu na época da
coletivização forçada.Os anarquistas
acusaram,acertadamente,os soviéticos de terem feito ,em 5 anos o mesmo que o
capitalismo fizera em trezentos,com as mesmas violências.
Não é só criar as bases econômicas,mas as bases culturais e subjetivas
que garantiriam o comunismo como regime econômico e social justo.
A revolução comunista seria feita por uma classe trabalhadora
unida e provada na luta.Uma classe
solidária ,majoritária e num conexo em que a propriedade individual ficaria na mão de poucos,sendo muito mais vantajoso uma visão
comunitária do que exclusivista.
Desde 1848,Marx,em
sua concepção rupturista
de luta de
classes,considerava duas fases
antes do comunismo,a
da ditadura do
proletariado e a fase
do socialismo.Vejamos neste
texto:
carta a weydemeier de
5 de março de 1852,publicada por Mering em 1907:
“No que me diz respeito,não é mim que cabe o mérito de ter descoberto nem a existência das classes na sociedade moderna,nem a sua luta entre si.Muito antes de mim,historiadores burgueses tinham descrito o desenvolvimento histórico desta luta das classes e economistas burgueses tinham exprimido a anatomia econômica dela..O que eu fiz de novo foi:1)demonstrar que a existência das classes está ligada apenas a fases de desenvolvimento histórico da produção (historische Entwiclungsphasen der Produktion);2)que a luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado ;3)que essa ditadura constitui somente a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes...”
“No que me diz respeito,não é mim que cabe o mérito de ter descoberto nem a existência das classes na sociedade moderna,nem a sua luta entre si.Muito antes de mim,historiadores burgueses tinham descrito o desenvolvimento histórico desta luta das classes e economistas burgueses tinham exprimido a anatomia econômica dela..O que eu fiz de novo foi:1)demonstrar que a existência das classes está ligada apenas a fases de desenvolvimento histórico da produção (historische Entwiclungsphasen der Produktion);2)que a luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado ;3)que essa ditadura constitui somente a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes...”
Em outro texto sobre
o anarquismo,de Engels,ele e Marx
afirmaram que ambos
os movimentos queriam
o fim do estado,como
conseqüência e condição essenciais da revolução comunista:
Marx condicionava o
regime de liberdade
ao fim
do estado,o "
comitê de assessoramento da
burguesia".Engels dizia ,” não existe estado livre”.
O trabalhador produtivo,esta base sócio-histórica da revolução, não se define só
como trabalhador(como ninguém se define)mas como pessoa,que consome,adquire bens que quer preservar suas conquistas.Quanto mais as condições para a revolução se colocaram menos os trabalhadores quiseram fazê-la porque entrar num processo revolucionário que pode por estes ganhos a perder,mesmo em nome setores sociais ainda excluídos é algo difícil .
As chamadas liberdades burguesas dão uma resposta a isto
e embora o regime de exploração não acabe este patrimônio legítimo do trabalhador,serve de barreira.Ou seja a capacidade de previsão deles foi nenhuma.
O trabalhador produtivo,esta base sócio-histórica da revolução, não se define só
como trabalhador(como ninguém se define)mas como pessoa,que consome,adquire bens que quer preservar suas conquistas.Quanto mais as condições para a revolução se colocaram menos os trabalhadores quiseram fazê-la porque entrar num processo revolucionário que pode por estes ganhos a perder,mesmo em nome setores sociais ainda excluídos é algo difícil .
As chamadas liberdades burguesas dão uma resposta a isto
e embora o regime de exploração não acabe este patrimônio legítimo do trabalhador,serve de barreira.Ou seja a capacidade de previsão deles foi nenhuma.
O
comunismo ,como já expliquei em outro artigo,libera as forças produtivas da
exploração e competição capitalistas.
Marx afirma desde o manifesto comunista que o capitalismo liberava o desenvolvimento das forças produtivas ao quebrar as barreiras feudais,mas as limitava pelo afã egoístico do lucro.
Ao superar este limite capitalista o comunismo entra numa fase transitória na qual ele deve se livrar dos resquícios do passado e preparar a implantação do comunismo de forma irreversível.
Esta última condição só se estabelece se for superada de forma razoavelmente rápida a escassez que o capitalismo gera para a maioria.A escassez dos regimes de exploração é que gera esta desigualdade maligna social,que conspurca a desigualdade natural dos homens.O homem é desigual por natureza,mas a desigualdade social aprofunda esta desigualdade natural criando injustiças.
Marx afirma desde o manifesto comunista que o capitalismo liberava o desenvolvimento das forças produtivas ao quebrar as barreiras feudais,mas as limitava pelo afã egoístico do lucro.
Ao superar este limite capitalista o comunismo entra numa fase transitória na qual ele deve se livrar dos resquícios do passado e preparar a implantação do comunismo de forma irreversível.
Esta última condição só se estabelece se for superada de forma razoavelmente rápida a escassez que o capitalismo gera para a maioria.A escassez dos regimes de exploração é que gera esta desigualdade maligna social,que conspurca a desigualdade natural dos homens.O homem é desigual por natureza,mas a desigualdade social aprofunda esta desigualdade natural criando injustiças.
O
meio de atacar este mal é com forças produtivas livres aumentando à estratosfera os bens essenciais à sociedade.Estas condições estão na sociedade capitalista,mas dentro da atividade dos trabalhadores organizados.Toda a
atividade política dos trabalhadores deve desembocar nesta liberação.
Marx
manteve sempre uma postura dispare em relação ao partido social-democratico ,nome aliás que ele não gostava.O que o preocupava e devia (como deve)preocupar os seus seguidores são as condições previas não para a tomada de consciência revolucionária,mas para o depois desta tomada do poder que é o que demonstra o grau de preparação dos revolucionários ,bem como se as condições objetivas apropriadas.