quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Marx era um gênio,mas não era Deus nem dois



Ainda hoje  há muita gente que põe  bottons  com a  efígie de Marx,mas realmente isto só tem validade na medida em que ele  é um ativista político,não como “  cientista” ou teórico(que é o caso).
Marx  e Engels  cunharam as  expressões “ materialismo dialético”e  “ materialismo histórico”exatamente para evitar esta personalização da ciência.Certa vez,Marx teria dito;”Moi,je  ne  suis pás marxiste”[eu,não sou marxista]”.
O movimento comunista deveria ter um fundamento científico,o qual transcenderia  às pessoas,num esforço claro de evitar  salvacionismos no marxismo,ou seja,evitar uma  confusão  com a religião,que se  queria superar.
O militante é alguém que não segue o líder providencial,mas tem o fundamento nas mãos ,bem compreendido.
Igualmente,ainda que inconscientemente(talvez)Marx  sabia o quanto era importante que a ciência  transcendesse,ou seja,que  buscasse caminhos em outros lugares  e mundos,pois assim haveria um movimento,que  se  constituiria de fato,por  causa desta transcendência,por querer dialogar com os outros  e persuadir.Isto só é possível se esta transcendência,no espírito do materialismo,que desvela os véus  místicos da realidade,não vier eivada de crenças absolutas e sempiternas,mas que instigue o permanente espírito crítico.
Lembro-me de uma frase de Carlos  Nelson Coutinho ,que morreu recentemente(farei um artigo para ele  proximamente),quando era acusado pelos  dogmáticos de “ revisionista”,segundo a qual,para ele: “ revisionistas somos todos”.
Teoria e  Ciência  são sempre  revisáveis ,ninguém é dono da verdade e emocionalismo na revolução sempre  prejudica.
Alguém  bota  na lapela  um broche do Einstein ou de Newton?Porque?Porque neste caso,das ciências naturais,fica  claro que o importante são as descobertas.As pessoas só têm nome na medida do que fazem e não há porque fundar um movimento newtoniano.
Porque as ciências sociais são culturais e subjetivas isto seria diferente?Uma pessoa,um teórico resume em si toda a lógica do seu pensamento?Mesmo depois de  morto,sem ele não há teoria?Não haveria ,subjacente, um culto(religioso[arcaico{preocupação com os antepassados}]),incrustado na ciência e  na teoria?
Lógico que as ciências sociais se prestam mais  a este tipo de desvio,principalmente aqueles  ligadas à utopia,mas mesmo assim,a  complexidade da sociedade,não impõe  uma transcendência,um anti-subjetivismo,que,no caso de Marx,foi tão criticado,nas  figuras de Bruno Bauer e Max Stirner,na Ideologia  Alemã?
Este personalismo antecipa Stalin,mas não é autorizado por Marx e Engels,mas é a  característica   histórica comum de pensamentos arrojados  quando caem no senso-comum.E stalinismo é religião,no pior sentido desta  expressão.