terça-feira, 15 de março de 2016

Este meu blog já não é tão solilóquio!!!

Meu amigo Ivan Alves me enviou este artigo que eu vou comentar proximamente:

O Brasil completa sua Revolução Burguesa. E como vai o mundo?

Ivan Alves Filho - Março 2016
 
 

Basta abrir as páginas de alguns jornais ou revistas para nos inteirarmos de que muita coisa ocorreu no Brasil e no mundo nos três primeiros meses de 2016, tamanho o dinamismo da vida política contemporânea. A crise brasileira, por exemplo, se aprofundou terrivelmente na esteira do transformismo — conceito tão trabalhado por Antonio Gramsci — ou da passagem de partidos ou agrupamentos do campo progressista para o campo político oposto. Contudo, não existem apenas retrocessos no país e fortes avanços democráticos também foram concretizados, até como resposta a determinados desmandos. O que se passa na esfera jurídica no Brasil hoje tem muitas semelhanças, por exemplo, com a operação Mani Pulite que sacudiu a Itália nos anos 90 do século passado. Com efeito, desde março de 2014 dezenas de empresários, altos funcionários do Estado e políticos corruptos brasileiros começaram a tomar o rumo da cadeia. O próprio ex-Presidente Lula não escapou de ter sua casa vasculhada pela Polícia Federal, que o conduziu de forma coercitiva para depor, revelando assim que ninguém está acima das leis.
E não só: as apurações vão apontando para o fato de que houve ingerência nas eleições de 2014, manipuladas por um esquema que não vacilou em violar o processo democrático. Aqueles que desviaram recursos públicos — ao menos em condições sistêmicas — parecem estar com os dias contados no Brasil atual. Vale dizer, soou a hora dos valores republicanos. O que acaba com a corrupção não é tanto a luta contra o capitalismo: havia corrupção também no chamado socialismo real e países capitalistas como a Noruega e a Dinamarca exibem índices baixíssimos de corrupção. O que de fato conta é a luta por mais democracia, isto é, pela afirmação da sociedade civil diante do Estado. No Brasil, tudo indica que a sociedade finalmente saiu à captura do Estado, exigindo mais transparência no trato com a questão pública.
Sabemos todos que o momento vivido pelo país é extremamente delicado. Basta citarmos a incrível violência que campeia nas nossas cidades, o desemprego que atinge as mais diferentes camadas da população e ainda o desencanto crescente com a ladroagem nas diferentes esferas governamentais e nas empresas estatais. Isso, para não aludirmos aos desastres ambientais, como aquele que infelicitou recentemente a histórica cidade de Mariana, em Minas Gerais. A lama que se deslocou pelas centenas de quilômetros que separam a cidade do oceano Atlântico chega a ter um efeito simbólico, metafórico.
Porém, a sociedade é sempre maior que o Estado e nós saberemos encontrar uma saída coletiva para a crise que nos assola. Vale dizer, apesar de o risco de decomposição social estar presente no país, podemos destacar, por outro lado, que o processo de afirmação da cidadania avança de forma inexorável. Um quadro difícil de entender, até. Mas uma coisa é certa: o Brasil vive hoje uma verdadeira revolução cidadã, com o início do fim do Estado privatizado pelos grandes grupos econômicos, ou do patrimonialismo de corte praticamente feudal, de um lado; e, de outro, com o aumento da consciência popular no tocante a fazer prevalecer seus direitos à educação, saúde, segurança e bem-estar. É como se a Revolução Burguesa finalmente se completasse, o país vivenciando uma espécie de 1789 em 2016, devidamente atualizado. Não por acaso os franceses tratavam-se uns aos outros por citoyens — ou cidadãos — no período da Revolução. Fui firmando esse juízo em minhas andanças pelo país e não apenas pelas leituras.
Curiosamente, a Revolução Burguesa no Brasil — uma Revolução Burguesa sem Robespierre e o Terror, diga-se de passagem — surpreendeu o Partido dos Trabalhadores, que se posicionou à direita do liberalismo clássico. Ou se preferirmos: a Revolução Burguesa colocou-se à esquerda do partido que se reivindicava dos trabalhadores. Na verdade, o PT assumiu uma série de práticas do velho coronelismo, travestido em política de Estado, como o assistencialismo, escancarando seu viés semifeudal. Ironias da História, seguramente. Na verdade, vai se firmando a convicção de que o despertar da cidadania — com o consequente aprofundamento de instrumentos de intervenção tais como uma mídia vigilante, o crescimento do papel das redes sociais e da própria transparência administrativa — é central para o pleno florescimento da democracia.
Em outras palavras, é preciso empoderar o cidadão comum em seu local de estudo, trabalho e moradia, em plena ligação com as esferas institucionais. O que se nota é que a autonomia ainda vai dar o que falar neste século: surge com força um tipo de cidadão que não se conforma em ser apenas governado, isto é, alguém que deseja igualmente opinar e mesmo influir nos assuntos governamentais a partir da sua própria realidade. Nesse sentido, a democracia não deve se limitar aos representantes institucionais do povo, podendo ainda se alastrar para o conjunto da sociedade, ao seu cotidiano. Da democracia dos políticos profissionais à democracia de toda a cidadania e de toda a militância — este o desafio maior da contemporaneidade, talvez. Pois não é possível administrar mais à moda antiga e uma nova governança se impõe. Partidos políticos continuam sendo necessários (até porque não apareceu nada capaz de substitui-los), todavia é preciso renovar as formas de participação sempre. Ou, se considerarmos melhor, democratizar um pouco mais os próprios partidos.
Há muitas mudanças no ar na América Latina. E elas são positivas. O populismo local, cada vez mais aparentado ao fascismo, vem recuando em países como a Argentina e a Venezuela. Sintomaticamente, o Chile e o Uruguai — nações onde a esquerda democrática, de base socialista ou comunista, sempre teve um certo peso político — escaparam dessa prática demagógica. O populismo opera, justamente, a partir do vácuo deixado pela esquerda democrática, identificando-se, cada vez mais, com aquilo que Karl Marx e Friedrich Engels no livro A ideologia alemã denominaram por lumpenproletariat, composto por indivíduos sem vínculo social maior. Como sabemos, a lógica dos marginais não é aquela dos incluídos socialmente, que passa pela prática da negociação. Em outros termos, os marginais trabalham com a noção do extermínio: o adversário político é, portanto, um inimigo e como tal precisa ser varrido do mapa. Com o inimigo não se negocia, não é verdade? As SS alemãs procediam dessa maneira e não por acaso alguns dos responsáveis pelo Partido Nazista eram oriundos do mundo do crime. Vinham do lumpen — ou trapo, em alemão —, justamente. Os kapos, ou responsáveis pelos campos de concentração nazistas, eram recrutados entre os prisioneiros de direito comum.
Infelizmente, a História parece se repetir em parte e o fundador de um movimento extremista de direita na Alemanha, o Pegida, é um ex-condenado por furto e tráfico de drogas. Nessa linha de cumplicidade com o crime, diversas autoridades venezuelanas já foram acusadas de controlar o comércio de drogas e o próprio presidente da República teve dois sobrinhos presos por ligações com o narcotráfico, em 2015, no Haiti. O ex-chefe de gabinete de Cristina Kirschner, Aníbal Fernández, foi acusado de controlar o tráfico na Argentina. O poderio dos traficantes avança de forma impressionante no México. Manuel Noriega, ex-militar e ex-ditador do Panamá, com notórias ligações com a CIA e veleidades populistas, se encontra preso desde 1990 por envolvimento com o comércio de cocaína e em diversos assassinatos de opositores. Na Bolívia, vários mandatários tiveram ligações com o mundo das drogas. Formou-se assim uma espécie de burguesia do crime na América Latina e o pior é que, ao propalar a ideia de que governos populistas são governos de esquerda ou progressistas, essas para lá de duvidosas lideranças chamuscam a própria prática de esquerda no subcontinente. Da mesma forma que o autoritarismo político, a escalada da inflação e a corrupção financeira, a força crescente do crime organizado na América Latina é uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, a duras penas conquistado pelos povos da região. Ultranacionalismo, autoritarismo e manipulação demagógica dos anseios das massas têm endereço certo: fascismo.
Há motivos, no entanto, para algum regozijo, com as derrotas eleitorais recentes de Cristina Kirschner e Nicolás Maduro, conforme apontamos acima. Fora isso, o restabelecimento de relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos em 2014, assim como o avanço dos acordos de paz para pôr fim à guerra civil na Colômbia, parecem indicar que estamos finalmente assistindo ao início de um processo político mais amadurecido e consequentemente menos sujeito a manipulações por parte do autoritarismo na região. A lógica oriunda da Guerra Fria parece estar com os dias contados nas Américas. Já não era sem tempo. Entretanto, é preciso cautela e não podemos descartar artimanhas de toda sorte por parte das forças autoritárias em países como a Venezuela e a Argentina. Por seu turno, Evo Morales, na Bolívia, parece ter entendido o recado das urnas, que lhe negou um novo mandato. O verdadeiro sentido desses fatos recentíssimos que ocorrem na América Latina é a retomada do processo democrático ou uma espécie de adeus ao populismo.
Falando mais claramente ainda, pensamos que nenhuma democracia é de direita e nenhuma ditadura é de esquerda. Quanto mais examinamos as ditaduras, mais valorizamos o papel das instituições na contenção da violência. É a velha batalha entre civilização e barbárie na marcha da História. O Estado Democrático de Direito tem que ser para todos, uma vez que é uma conquista da Humanidade, atravessando o sistema de classes e os espaços nacionais. Não há razão para que as conquistas obtidas nos últimos cento e cinquenta anos — direito de voto, liberdade de reunião e de opinião, entre outras — não sejam mantidas e mesmo ampliadas hoje. A História é sempre um processo. E nunca é demais lembrar que a experiência do século XX demonstrou que um dos grandes adversários da esquerda é o autoritarismo — venha de onde vier.
O melhor seria que uma nova ordem mundial democrática seguisse à risca os ideais de justiça internacional esboçados pelo Tribunal de Nuremberg, entre 1945 e 1946, para julgar os crimes do nazismo. Faltou sem dúvida alguma um Tribunal de Nuremberg que julgasse igualmente a máquina de guerra pilotada por Richard Nixon no Vietnã. Contudo, a existência, desde 1998, de um Tribunal Penal Internacional, criado em Roma, foi um grande passo no julgamento de atos como os praticados na antiga Iugoslávia. Ainda antes de o ano de 2015 terminar, o Tribunal Regional de Frankfurt condenava, segundo a agência de notícias Deutsche Welle, um político ruandês à prisão perpétua, recusando-se a devolvê-lo às autoridades de Ruanda, temendo que ele pudesse vir a ser solto uma vez em seu país. Também os crimes cometidos pela ditadura de Bashar al-Assad, na Síria, merecem a atenção da consciência e do juízo democráticos internacionais.
Tudo indica que caminhamos para o entendimento de que os direitos humanos não têm fronteira nacional e que a integridade das pessoas está acima da lógica dos Estados. Evidentemente, ninguém pode viver isolado apenas dentro sua própria cultura, mas direito à diferença não significa tampouco tolerância para com situações de opressão. Afinal, tortura nunca foi cultura. Ainda que tentando se esconder sob o manto da política, facínora é facínora, seja ele Adolf Hitler, Muammar Khadafi, Chiang Kai-shek, Idi Amin Dada, Pol Pot, Augusto Pinochet ou Bashar Al-Assad, para ficarmos apenas em alguns notórios delinquentes do nosso tempo. Em outras palavras, os limites da nossa atuação nos parecem bem delineados e não há a menor compatibilidade entre democracia e racismo, aviltamento da condição feminina ou ainda propaganda de propostas fascistas. O sistema democrático não pode compactuar com propósitos anti-humanistas, sob pena de cavar a sua própria aniquilação, banalizando o mal, a mediocridade. Acreditamos na existência de uma razão humana universal e que fora dela não há saída possível.
Evidentemente, pertencemos a um mundo de nações, ainda que cada vez mais globalizado. E tudo que acontece no plano internacional nos afeta enormemente. É verdade que a situação em algumas partes do mundo vem se complicando, com os atentados terroristas perpetrados por mercenários e fanáticos, tanto no Oriente Médio quanto na África subsaariana e na Europa Ocidental. O alvo desses ataques é a própria vida das pessoas, além da democracia e da cultura humanista obviamente. O Papa Francisco tem alertado constantemente a opinião pública para as ameaças que pairam sobre o processo civilizatório no mundo.Toda vez que as bases desse processo são atacadas, a barbárie se apresenta. Assim, democracia, humanismo, coexistência pacífica entre os povos, direito de ir e vir são conquistas da Humanidade e não de uma determinada região ou de um dado sistema político. Ou muito menos de uma classe social. Afora alguns mercadores de armas, ditadores e grupos terroristas covardes, alguém teria dúvida em escolher entre a paz e a guerra?
Mas precisamos também admitir que muitas vezes o horror está dentro de nós mesmos e os riscos de um conflito generalizado são reais. No seu belíssimo e oportuno relato intitulado Infiel, Ayaan Hinsi Ali, uma corajosa intelectual feminista somali, foi direto ao assunto, criticando aqueles que pretendem impor a centenas de milhões de seres humanos de hoje “a mentalidade do deserto árabe do século VII”. Evidentemente, isso não pode dar certo nem para quem vive no deserto árabe no século XXI. Têm culpa nesse cartório não somente o autoproclamado Estado Islâmico como também as intervenções militares promovidas pelas potências expansionistas e, ainda, algumas ditaduras sanguinárias que resistem aos ventos libertários que assolam o Oriente Médio. Tenderíamos a dizer que a batalha política atual implica evitar que a Síria seja a Espanha da Terceira Guerra Mundial. Como sabemos, a aliança da União Soviética — então se reivindicando do socialismo — com os Estados Unidos — país ainda hoje símbolo do liberalismo — foi fundamental para barrar o nazismo e o fascismo no mundo, possibilitando estancar a escalada terrível da Segunda da Grande Guerra. Se os homens então no poder na União Soviética se aliaram aos liberais, mais uma razão para que aqueles que se reclamam da esquerda — hoje infinitamente menos influentes, por sinal, do que naquela época — percebam a importância histórica de um acordo com os liberais de hoje para evitar o pior.
Sob esse prisma, nos parece fundamental a defesa que o Partido Democrático da Itália faz do espaço europeu, por exemplo. De qualquer forma, os dados estão lançados e o que não falta são ingredientes explosivos no tabuleiro. Todo o cuidado é pouco: posturas reacionárias e belicistas da Rússia de Vladimir Putin, surgimento da candidatura Trump beirando a psicopatia nos Estados Unidos, avanço das ações terroristas no plano internacional, desempenhos eleitorais surpreendentes da extrema-direita na Escandinávia e na Suíça, abalos no comportamento da economia chinesa, problemas com a integração de imigrantes na Europa Ocidental, na esteira do desmoronamento do mundo colonial e das dificuldades que as democracias ocidentais tiveram de incorporar esses novos cidadãos. Dados divulgados pela ONU, em dezembro de 2015, indicavam que havia 60 milhões de refugiados no mundo. Uma catástrofe humanitária, realmente. Uma excelente notícia, em meio a tudo isso, foi a derrota da proposta racista reunida em torno da Frente Nacional na França, nas eleições regionais de 2015. A provável — e por nós para lá de desejável — vitória do Partido Democrata nos Estados Unidos nas eleições presidenciais de 2016 certamente dará algum alento ao quadro internacional também. Outra boa notícia, já no início de 2016, é que as relações entre o Ocidente e o Irã tendem a se normalizar. E nem é preciso lembrar novamente o quanto a estabilidade na União Europeia é condição básica para a própria estabilidade mundial.
A democracia, até para poder se firmar como um valor de fato universal, como sonhou o líder comunista italiano Enrico Berlinguer, tem de estar em permanente construção, alimentando-se da seiva de todas as lutas travadas pelos homens, em todos os quadrantes. A busca por um novo processo civilizatório não pode prescindir das liberdades cívicas e dos direitos e deveres de cada um de nós. Isso é certo. Mas também é correto apontar que se faz necessário repensar a organização da vida econômica sob outros moldes. Constatar, por exemplo, que a polarização não se dá entre a propriedade estatal, de um lado, e o mercado ou a propriedade privada dos grandes grupos econômicos, de outro. Isso porque a noção de propriedade pública e do trabalho por conta própria começa a abrir espaços, sinalizando para novas formas de se viver e produzir em sociedade. No embate entre Estado e mercado, a sociedade detém a palavra final. E mercado algum pode se sobrepor à sociedade. As forças progressistas têm de estar antenadas com esse novo tempo, retirando todas as consequências advindas disso. Um sistema econômico voltado unicamente para o lucro conduz a sociedade humana a um impasse.
Centrando sua crítica à visão utilitária da cultura, um intelectual como Nuccio Ordine tem batido ultimamente nessa tecla com muita propriedade. Desemprego em massa no mundo, instrumentalização da cultura, danos terríveis ou até irreversíveis causados ao meio ambiente, lucros exorbitantes na esfera financeira — tudo isso vai tornando as sociedades humanas irrespiráveis, inviáveis. A luta pela igualdade de oportunidades econômicas e culturais areja a própria estrutura política pois a Democracia é sempre uma totalidade e não existe uma liberdade separada das demais. O avanço da automação, como salientamos, tem um potencial transformador extraordinário, se encararmos a economia como algo voltado para a satisfação das necessidades das pessoas e não apenas do grande capital. Entendida assim, a automação é a base técnica da sociedade sem classes.
Como nos revelam os quadros de Marc Chagall, os filmes de Vittorio De Sica, os romances de Maximo Górki, a arquitetura de Oscar Niemeyer ou as canções de John Lennon, o sonho é fundamental em nossa existência. Vida é risco, e não há motivo para que nos identifiquemos com Enrico Brentani, personagem de Italo Svevo em Senilidade, “que ia atravessando a vida cauto, deixando de parte todos os perigos mas também todo o deleite, toda a felicidade”. O engajamento é o outro nome do sonho. Aprendemos com Thomas Mann o quanto é dúbio, para dizer o mínimo, um comportamento pautado pelo “intimismo à sombra do poder”. Daí a necessidade de contribuirmos para a reconstrução da esquerda, até como forma de revitalizar o próprio Humanismo.
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Ivan Alves Filho é historiador.


Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Em torno a Guevara VII



Mas também é  preciso considerá-los de uma maneira que apure as conseqüências do que ele diz.Não se pode  ,apesar desta ambigüidade exegética,deixar de confrontar o que aconteceu na Rússia ,onde um estado (totalitário)cresceu enormemente,com as sobejas demonstrações de Marx e Engels quanto à necessidade de não associar o comunismo com o Estado.Vejam esta passagem de Engels no pequeno trabalho “ Sobre a Autoridade”,no auge da polêmica com os anarquistas e principalmente bakuninistas:
“Todos os socialistas concordam em que o Estado político(diríamos  hoje estado hegemônico da burguesia) e com ele a autoridade política desaparecerão como conseqüência da próxima revolução social, ou seja, que as funções públicas perderão o seu caráter político e se transformarão em simples funções administrativas protegendo os verdadeiros interesses sociais(sem hegemonia).”
Se Marx ou Engels concordassem com o estado  soviético ou “ melhor” com o Stalinismo,eu me jogaria (e exigiria que o Che o fizesse  também)da Rocha Tarpéia!Brincadeira!Eu diria que alguém estava mentindo ou que alguém era oportunista ou psicótico ou cínico ou tudo isto!
Na época de Marx e Engels praticamente(praticamente)só existiam as classes burguesa(minoritária)e  o operariado industrial.De uma maneira preconceituosa os dois descartavam o campesinato,que vivia no cretinismo do campo e  o lumpesinato,aqueles que não se encaixavam na sociedade industrial e viviam à deriva.
Como não teorizaram especificamente sobre estas classes é de  se pensar que elas seriam absorvidas e modificadas  pela sociedade comunista.Contudo na época deles , e somente no final do século XIX e  inicio do XX,surgiu uma classe média crescente,mais compreendida pelos social-democratas alemães,que ressaltaram  a  necessidade de incorporá-la ao processo de mudança,só que agora mais na perspectiva da reforma e não da revolução,porque a classe média,com os seus ganhos reais não tem interesse real num processo revolucionário.
Aqui aparece a divisão entre os marxistas,que continua até hoje(e inspira Guevara),entre os que apóiam o esquema marxista tradicional,supostamente vitorioso na Rússia e os  heterodoxos que  enveredam por reconhecerem que as condições mudaram,principalmente no ocidente,mas servindo de modelo para todos os países,que consideram inevitável e necessário o surgimento de uma classe média,uma medida e condição do fortalecimento da moderna democracia.Reconhecem igualmente que a classe operária em muitos lugares teve ganhos deste tipo ,mais do que nos estados socialistas ditos “ reais”.
O que acontece com os setores ortodoxos é  que a classe média parece parasitária do capitalismo e uma sua mantenedora indireta .O capitalismo ,”espertamente”, dividiu as tarefas com setores  sociais antes excluídos,para que não revolucionassem,num processo semelhante ao que ocorreu depois da Comuna de Paris,1871,com a classe operária,cooptada pelo progresso científico (que melhorou as suas condições{daí o grande incremento da ciência})e pelo capitais e matérias-primas vindas das colônias ,notadamente africanas.É bom que se diga aos ortodoxos de hoje,que,segundo Hobsbawn(A Era do Capital)o operário europeu médio deste período apoiou  o neo-colonialismo,pensando mais na sua condição nacional do que no internacionalismo da classe operária...Ninguém da classe operária  defendeu os trabalhadores africanos ou asiáticos e só em duas ocasiões ,havidas nos Estados Unidos e no México se colocaram contra os países centrais:quando da Guerra de Secessão A internacional,presidida por Marx,enviou uma carta de apoio ao Presidente Lincoln(eu vou publicar esta carta proximamente)instando-o a fazer a libertação dos escravos;e no caso de Benito Juárez  a intervenção Austríaca no México.
Mas tudo isto não encobre o fato de que o crescimento da classe média era inevitável e atende não a interesses das classes burguesas(pode  acontecer eventualmente claro),mas ao desenvolvimento do Estado Moderno  com conseqüências na divisão do trabalho.
Se a classe média apoiou o fascismo contra o comunismo em muitos lugares ,em outros ela apoiou o socialismo,a  democracia,dependendo das vicissitudes do lugar e do tempo.
Era bom que doidões como a Sra Marilena Chauí prestassem mais atenção a estes detalhes.Por isso eu não gosto de  socialistas especializados,como a professora de Filosofia.Ela fica no seu metier e não estuda outras disciplinas essenciais  para quem se diz,ainda,revolucionário ou radical(não sei se ela é ainda).Também tais considerações deviam calar fundo na consciência do Lula,que fundou um partido dos trabalhadores para incluir a classe média e fica deixando este pensamento hegemônico radical prosperar dentro do seu partido.
Mas tratamos aqui do Che e dos fundamentos do Marxismo.Ele também é um ortodoxo e seguiu os parâmetros desta limitação.
Dentro do estado de intenção comunista,mas nacional-repressivo,que resultou da Revolução Cubana(seguindo a URSS) ,um dos primeiros atos foi acabar com as disciplinas eruditas,culturais,teóricas,por desimportantes(ato que Pol Pot admiraria)ou não prioritárias e embora com a sua consciência internacionalista ele não saiu deste pântano que se tornou o marxismo após  a morte de  seu fundador.




quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Em torno a Guevara VI


Os  escritos  publicados em vida por Marx e Engels são 25% daquilo que ambos(mas principalmente Marx)publicaram em vida.O que não publicaram,manuscritos que só foram achados no século XX e publicados notadamente na URSS por Riazanov,são esboços ,segundo eles mesmos,do que queriam entender com mais clareza.
Estes manuscritos causaram uma celeuma bastante conhecida,mas hoje,no meu modo de ver,é preciso reconhecer que estes autores não publicaram estes textos exatamente porque não atribuíam um caráter completo a eles e só o faziam(quer dizer publicar)quando tinham certeza de que estavam fazendo ciência de fato.
Esta constatação traz  conseqüências.Em primeiro lugar é óbvio,e  isto fica claro quanto às questões sobre a Revolução na Rússia,que existe uma dubiedade e  uma oscilação nestes textos,admitidas pelos autores,na  busca da certeza.Isto torna estes textos incanonizáveis e dependentes dos textos publicados,pois estes  últimos são mais importantes.
Em segundo lugar,o princípio do comunismo de Marx  e Engels, a criação de uma sociedade livre da busca do lucro e capaz  de  criar a superanbundância de  bens ,que libertaria os homens da exploração,é algo que não pertence  a eles  nem a estes textos,podendo ser discutida por qualquer pessoa a partir dele(do princípio).
Vamos relembrar:

Desde a Mesopotâmia e  do Egito,com  a dissolução da comunidade primitiva,pelo incremento da agricultura,que aumentou o volume de produção desta  comunidade,foi preciso um Estado-administrador,que fizesse  a distribuição deste novo incremento.Esta distribuição não foi feita de forma igualitária,mas a   partir de  critérios de  classe,que favoreciam os setores armados e  ideológicos destas entidades ditas civilizadas,diferentes da comunidade primitiva.A divisão de classes correspondia a um nível de crescimento das forças produtivas.
Com o primeiro surto da revolução Industrial em 1750,ficou claro que a volume de produção poderia ser infinito(hoje não diríamos isto)e  um filósofo,Johan Gotlieb Lessing,em sua História da Humanidade afirmou que o incremento infinito dos bens ajudaria a  superar estas divisões.
Desta fonte Marx bebeu .Ele aderiu ao comunismo ,não  o criou,e  o seu princípio é este.O comunismo existe desde o século XIX e  é citado no filme “ A Missão”,com Robert De Niro.Na verdade alguns autores  dizem que a origem do comunismo moderno está nas reduções  jesuíticas do Paraguai e do Rio Grande  do Sul,pela junção do igualitarismo católico-jesuítico e  as novas realidades da sociedade industrial.
A superabundância superaria a  sociedade de  classes e  o estado.
Para Marx,seguindo estes  são antecessores,mas colocando outras questões, o comunismo deriva de uma sociedade já em grande parte   socializada,que é o capitalismo,em que as forças produtivas e  a luta dos trabalhadores são elementos  decisivos  e indispensáveis da sociedade comunista futura,que é criada pela revolução.Não é um ato religioso de  vontade igualitária,é um processo,que não prescinde da objetividade das relações sociais e produtivas,do seu desenvolvimento.
Quando Marx e  Engels apontam para a possibilidade de uma Revolução na Rússia eles  criam uma confusão muito grande  como eu demonstrei no artigo anterior.Mas como disse neste artigo,eles  revelam ambigüidades e oscilações em textos não publicados e  em cartas com interlocutores  europeus e russos ,como as que eu coloquei no artigo anterior,tiradas do excelente livro de Michel Lowy sobre “As Lutas de Classe na Rússia.Quer dizer não se deve levar estes conceitos dogmaticamente.
Neste livro se pode ver uma resenha de  toda esta discussão.Lowy mostra que toda esta discrepância  entre Marx e Engels acabou depois.Em 1877 Marx parece ter mudado a cabeça  de Engels,mas isto nao foi notado muitas vezes por seus seguidores ,inclusive na URSS,onde  manuais afirmavam que as posições de Engels eram as verdadeiras e seguidas por Marx.
E mais do que isto,no prefacio   da edição  do manifesto Comunista de  1882,Marx tem,junto com Engels uma atitude  mais prudente,que viria  a ser usada e pensada por Trotski(e por Lenin ) ,no conceito de  “ revolução  permanente”.Eles  dizem  neste prefacio: que  a Revolução na Rússia seria o sinal para uma revolução necessária na Europa.
Diante destas oscilações todos temos o direito de discutir tais temas sem aferramento dogmático aos textos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Em torno a Guevara V



Todo mundo  fala  sobre  o  internacionalismo  de  Marx  mas  poucos  têm  conhecimento  dos  textos,dando-se  ao  trabalho de pesquisar  e verificar  que  não  existe,nele,"comunismo  nacional".
Na citação  abaixo tirada  de  " A  Ideologia Alemã":
“(...)Premissas  para  a revolução  comunista:
(...)1)comunismo não pode  existir  como um fenômeno local;2)as  forças  de inter-relacionamento não  poderiam ser desenvolvidas  como universais,conseqüentemente    ficando     como  poderes  insuportáveis:elas se  manteriam como condições  de  sobrevivência  cercadas pela  superstição;3)cada extensão  das relações  inter-sociais aboliria  o  comunismo local”.”
Estas afirmações de Marx,feitas na “ Ideologia Alemã”,não foram nunca negadas por  ele,na  sua  condição de “ velho Marx”.E há um velho Marx ?
Fica  claro  que  Marx  tinha  esta  visão  e  não    razão para  se  dizer  que  ele  tenha  abandonado  esta  concepção  óbvia  de  que    é  possível  mudar  o mundo  do  trabalho universalmente  e  não  nacionalmente.
O problema,o  complicador é  o  que  ele  disse  aos  narodniks russos  sobre  a  possibilidade  de  uma  revolução  na  Rússia,uma  país em que  as condições objetivas e  subjetivas do socialismo  não estavam dadas(por  um capitalismo atrasado).Na  década  de  80  do século XX  se  dizia  que  Marx  pressupunha  condições  objetivas e  subjetivas  para  a revolução  e  isto  é  verdade,mas havia uma  dúvida  quanto  se  poderia  algum país passar por  cima das  etapas  do  capitalismo(evitando  seus  problemas).É  forçoso  dizer  que  pelos  textos  abaixo  ele  admitia  e  ,por isso tem  um  pequena ,porém,importante  participação  nos  acontecimentos  terríveis  futuros da  Rússia.
Cit.:”este(Tchernichevski) colocou a  questão  em alguns  artigos notáveis, o problema  de  se  a Rússia,para abraçar o sistema capitalista,necessitará começar por destruir-como sustentam os economistas liberais-a comunidade rural ou se,pelo contrário,sem necessidade de  conhecer todos os tormentos deste sistema,poderá recolher todos os seus frutos no caminho de  desenvolvimento de suas próprias peculiaridades históricas.E ele opta pela segunda posição(...).Para poder julgar com conhecimento próprio as bases de  desenvolvimento da Rússia ,aprendi o russo e  estudei durante muitos anos memórias oficiais e outras publicações referentes  a esta matéria.E cheguei ao resultado seguinte:se  a Rússia  segue marchando neste caminho que vem percorrendo desde 1861,desperdiçará a mais formosa ocasião que a história  lhe ofereceu para se esquivar de  todas as fatais vicissitudes do regime capitalista”.(escritos  sobre Russia II,p.63,1877).
Na  verdade  foi um texto famoso de Herzen que  enfatizou o papel  possível de  desenvolvimento do socialismo naquele país,a  comuna rural,mas este debate  ,como demonstra o texto acima se deu em relação a  dois importantes narodniks:Tchernichevski e Vera Zassúlitch.
Existe um  ruído,diríamos hoje,entre Marx e os populistas,porque estes pensam que Marx não os apóia ,mas Marx demonstra concordar com eles.
Nós vemos  que  dentro  das  limitações da Rússia  a  que  vimos  nos  referindo,bastava,para ele,desenvolver as  relações  econômicas  para,mudando-se no  sentido  do  comunismo,libertar o  mundo  do  trabalho.Assim  Lênin  fundamentou a  revolução  russa  nesta base , acreditando  que  criar  um  estado  forte capaz  de fazer  estas  mudanças abriria  o caminho.Pelas  razões  a  que  temos  aludido  o  que  se  formou  na  Rússia  foi  um  estado  totalitário,um estado  inchado,pior do que o do czarismo.Porquê  ?Porque  as referidas bases  não estavam presentes.
O curioso é que  há uma discrepância  evidente entre Engels(e Plekhanov)e  estas afirmações  de Marx.Marx se recusa  a produzi uma filosofia da história,um etapismo,mas os dois citados acima  dizem outra coisa.
Como vemos abaixo existe em Engels um texto  em que ele  condiciona o surgimento do socialismo ao desenvolvimento completo do capitalismo,no que é considerado o fundamento do etapismo no marxismo.Engels disse  uma vez  que este etapismo é incontrastável e inarredável,chegando mesmo a dizer que só existiria o socialismo porque existiu uma vez  o escravismo antigo.
Engels pôs  este texto no Volksttaat,para se defender de ataques de um certo Tkachov,quanto às posições do amigo de Marx  sobre a realidade russa.
Cit;”A revolução ,que aspira o socialismo moderno consiste,brevemente falando,na  vitória  do proletariado sobre a burguesia(...)Por ele se precisa ademais da existência  do proletariado(...)da burguesia(..)Entre os selvagens e  os semiselvagens também costuma haver diferenças de classes e por este estado passaram todos os povos ,(..)Porém os Sr. Tkachov quer dizer que esta revolução será socialista,que implantará na Rússia,antes de que nós no Ocidente o consigamos(...)e ele em uma sociedade em que o proletariado e a burguesia só aparecem,no momento,esporadicamente e  se encontram em um baixo nível de desenvolvimento!E se nos diz que isto é possível porque os russos constituem,para dizê-lo assim,o povo escolhido do socialismo ao possuir artefatos e a propriedade comunal da terra!”(escritos sobre Russia,p 71,74,75)
Existe uma discrepância entre Marx e Engels!
Estas oscilações,se é que podemos dizer assim justificaram a revolução na Rússia.
Esta  questão é  ,a meu ver,do ponto de  vista lógico,um pouco bizantina.Do ponto de  vista real não.É lógico que é possível,depois da tomada de  consciência das condições  para implantação do comunismo,que os revolucionários podem criá-las,mas este processo não pode passar por cima das conseqüências subjetivas que o desenvolvimento objetivo do capitalismo gera.Não é questão apenas de  desenvolver estas últimas.Esta mudança impõe outras no plano subjetivo,que,no caso da Rússia,não se  formariam.
E as exigências deste desenvolvimento objetivo trariam conseqüências tão nefastas quanto aquelas atribuídas ao capitalismo,como se viu na época da coletivização forçada.Os  anarquistas acusaram,acertadamente,os soviéticos de terem feito ,em 5 anos o mesmo que o capitalismo fizera em trezentos,com as mesmas violências.
Não é só criar as bases econômicas,mas as bases culturais e subjetivas que garantiriam o comunismo como regime econômico e  social justo.
A revolução comunista seria feita por uma classe trabalhadora unida e provada na luta.Uma classe  solidária ,majoritária e num conexo em que a  propriedade individual ficaria na mão de  poucos,sendo muito mais vantajoso uma visão comunitária do que exclusivista.
Desde 1848,Marx,em  sua  concepção  rupturista  de  luta  de  classes,considerava  duas  fases  antes  do  comunismo,a  da  ditadura  do  proletariado e  a  fase  do  socialismo.Vejamos  neste  texto:
carta  a  weydemeier de  5 de março de 1852,publicada por Mering em 1907:
“No que me  diz respeito,não é  mim que cabe o mérito de ter descoberto nem a existência das classes na sociedade moderna,nem a sua luta entre si.Muito antes de mim,historiadores burgueses tinham descrito o desenvolvimento histórico desta luta das classes e economistas burgueses tinham exprimido a  anatomia  econômica dela..O que eu fiz de novo foi:1)demonstrar que a existência  das classes está ligada apenas a fases de desenvolvimento histórico da produção (historische Entwiclungsphasen der Produktion);2)que a luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado ;3)que essa ditadura constitui somente a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes...”

Em outro  texto  sobre  o anarquismo,de Engels,ele e Marx  afirmaram  que  ambos  os  movimentos  queriam  o  fim  do  estado,como conseqüência e  condição  essenciais da revolução comunista:
Marx condicionava  o regime  de  liberdade  ao   fim  do  estado,o  "  comitê  de assessoramento  da  burguesia".Engels dizia ,” não existe estado livre”.
O trabalhador produtivo,esta base sócio-histórica da revolução, não se define só
como trabalhador(como ninguém se define)mas como pessoa,que consome,adquire bens que quer preservar  suas conquistas.Quanto mais as condições para a  revolução se  colocaram menos os trabalhadores quiseram fazê-la porque entrar num processo revolucionário que pode por estes ganhos a perder,mesmo em nome setores sociais ainda excluídos  é algo difícil .
As chamadas liberdades burguesas dão uma resposta a isto
e embora o regime de exploração não acabe este  patrimônio  legítimo do trabalhador,serve de barreira.Ou seja  a capacidade de  previsão deles foi nenhuma.
O comunismo ,como já expliquei em outro artigo,libera as forças produtivas da exploração e competição capitalistas.
Marx afirma desde o manifesto comunista que o capitalismo liberava o desenvolvimento das forças produtivas ao quebrar as barreiras feudais,mas as  limitava pelo afã egoístico  do lucro.
Ao superar este limite capitalista o comunismo entra numa fase transitória na qual ele deve se livrar dos resquícios  do passado  e preparar a implantação do comunismo de forma irreversível.
Esta última condição só se estabelece se for superada de forma razoavelmente  rápida a escassez que o capitalismo gera para a maioria.A escassez dos regimes de exploração é que gera  esta desigualdade  maligna social,que conspurca a desigualdade natural dos homens.O homem é desigual por natureza,mas a desigualdade social aprofunda esta desigualdade natural criando injustiças.
O meio de atacar este mal é com forças produtivas livres aumentando à estratosfera os bens essenciais à sociedade.Estas condições estão na sociedade  capitalista,mas dentro da atividade dos trabalhadores organizados.Toda a atividade política dos trabalhadores deve  desembocar  nesta liberação.
Marx manteve sempre uma  postura dispare em relação ao partido social-democratico  ,nome aliás que ele não gostava.O que o preocupava e devia (como deve)preocupar os seus seguidores são as condições previas  não para a tomada de consciência  revolucionária,mas para o depois desta tomada do poder  que é o que  demonstra o grau de preparação dos revolucionários ,bem como se as condições objetivas apropriadas.