sábado, 4 de novembro de 2023

O último Guevara

 Tanto Trotsky como Guevara nunca tiveram contato com as obras de juventude de Marx,especialmente da ideologia alemã .Mas ambos compreenderam o significado real do comunismo,afastando muito do que alguns militantes ainda pensam ser verdade:que o socialismo real é comunismo.

Depois que Guevara foi enxotado de Cuba,por exigência da URSS,compreendeu perfeitamente o que estava acontecendo no mundo socialista.Mas já o tinha notado na sua viagem pelo mundo e também nas suas lutas teóricas dentro de Cuba,para defender o seu desenvolvimento em direção ao comunismo(no seu significado real).

Como relata Jon Lee Anderson quando che voltou da viagem acusou a URSS e a China de fazerem o jogo do imperialismo,tendo uma relação igualmente hegemônica com países do terceiro mundo,especialmente e naturalmente,com Cuba.

E depois,ou antes desta viagem,as discussões sobre o desenvolvimento do país caribenho já lhe mostraram certos impasses da teoria,os quais já tinham quebrado a cabeça dos teóricos russos  e soviéticos,como Preobrajenski e Bukharin,além do próprio Trotsky e de Lênin.

A pergunta decisiva era ( e é)se o que impulsionava este desenvolvimento era o incentivo material ou a questão moral.

Stalin usou na URSS o incentivo moral para garantir a produção capaz de levar ao comunismo.O episódio do stakhanovismo o prova.

Mas em Cuba a discussão pendeu para outro lado,o incentivo material,mais afeito a Bukharin e já numa época em que os fracassos da China e da coletivização forçada erma conhecidos.O incentivo moral não fora capaz de ,unindo a população,criar a superabundância necessária para passar à utopia.Então os teóricos cubanos preferiram os incentivos materiais,ou seja, a cada ganho em produção seria dado ao produtor aquele quinhão que lhe era devido,reconhecendo a desigualdade entre os trabalhadores.

Tanto Stalin quanto Mao tsé-tung atribuíram o fracasso a este “ desigualitarismo”,mas Kruschev disse a este último(em suas memórias )que o não reconhecimento da diferença entre os produtores é que gorou com a “ coletivização” e que o mesmo ocorreria com o “grande salto para a frente” se se mantivesse este erro.

Guevara,embora compreendesse este problema,que está na raiz do comunismo, “de cada um segundo sua capacidade,a cada um segundo sua necessidade”,entendeu que esta última parte da oração era mais importante e garantiria a unidade da sociedade,na sua luta para melhorar.

Contudo,ficou provado historicamente que no inicio desta luta a igualdade é essencial para manter esta unidade,mas como Marx havia previsto,a abundância devia ser alcançada o mais rapidamente possível,criando as condições de uma distribuição igualitária(e desalienante)por toda a sociedade.

Isto a desafogaria,acabaria com as classes,daria sentido e bem-estar coletivo e aí sim,conforme está na ideologia ,os cidadãos desta sociedade seriam material e culturalmente livres.

A distribuição da escassez nos países socialistas contraria esta teoria(este desejo),porque desde o inicio,um mínimo de desigualdade precisa ser admitido,senão ocorre o que se deu:o fracasso das tentativas.

A perspectiva de uma revolução internacional é que ela oferece condições para esta admissão,mas num pais atrasado e confinado como era a URSS,não era possível,como não foi na e nunca será na China.

A única forma d e fazer uma produção exponencial é garantir a liberdade dos trabalhadores como indivíduos,considerar a sua preparação,inclusive cultural e educacional, e admitir as diferenças entre estes atores individuais.

É aceitável que do ponto de vista do começo de uma produção a igualdade seja vista como natural,mas com o tempo não há como evitar este atributo da natureza humana,que os comunistas e Guevara entre eles teimam em colocar no lugar no mundo real,material,numa contradição idealista no interior do materialismo histórico .

 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Marx nunca autorizou a revolução na Russia

 



O terceiro rascunho

Inicio aqui uma série de artigos sobre este problema a que eu já me referi nos meus blogs ,mas aqui eu direciono este meu trabalho

à academia.edu e ao professor Daniel Aarão Reis Filho que tem

me enviado artigos e trabalhos.

Na verdade este artigo é quase uma repetição de outro que eu já

fizera há muito tempo,mas agora eu ressalto um dos rascunhos que

Marx fez para dar a resposta à pergunta de Vera Sazulitch sobre a

possibilidade de uma revolução de tipo marxista na Russia.

Especificamente no terceiro rascunho está a resposta que a

referida revolucionária aparentemente não considerou nas suas

relações com Lênin,muito pelo contrário,tendo-o convencido de

que era possivel e mesmo necessário fazer esta revolução,a partir

do campesinato,classe eleita pelos narodniks ,grupo de que fazia

parte Vera,no que é uma mentira pessoal e histórica.

Marx só enviou a resposta,mas não os rascunhos que foram

descobertos por David Riazanov no século XX.

Quatro rascunhos foram elaborados por Marx:os dois primeiros

tratam fundamentalmente da comuna russa e da comuna em

geral,de sua história.

Muitos analistas só ficam aqui neste passo,mas não vão adiante

nos dois últimos rascunhos em que Marx se refere à base

inevitável da Revolução comunista:o capitalismo,que segundo ele

se caracteriza por expropriar a propriedade de pequenos

produtores ,como ocorreu na Inglaterra do final do século XVII.A

Revolução Comunista ,segundo Marx é expropriar os

expropriadores.Da ideia,digo eu,capitalista de reunir pessoas para

formar fábricas produtivas ,devolver a elas a propriedade e

produzir mais,a partir do capitalismo,não contra ele.

Partir da comuna sem esta base é impossivel,implicando numa

condição básica imprópria para o impulso revolucionário,que não

prescinde da objetividade,das condições objetivas.

Em todas as fases da história a comuna foi dominada por poderes

econômicos mais fortes do que ela e no final ela se dilui num

sistema semelhante,que foi o que aconteceu na URSS,a reação

termidoriana no comunismo.



segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O pensamento de Lênin I Marx nunca autorizou a revolução na Rússia um ruido



No artigo em que eu demonstro cabalmente a posição de Marx sobre a Revolução na Russia,fica claro que as condições deste país não correspondiam àquilo que Marx e Engels entendiam ser a base de uma revolução comunista que eles esperavam e preconizavam.

Marx respondeu a uma das populistas mais importantes,Vera Sazulitch,que enviara para sua casa em Londres uma carta.

A resposta e os rascunhos que Marx realizou foram descobertos muito depois por Riazanov,que os publicou.

Aparentemente Vera recebeu esta missiva,mas o destino que deu a ela compromete muito o movimento comunista e a revolução na Rússia.

Isto porque ,conforme se vê de alguns autores do marxismo,Vera teria sido a motivadora desta revolução na cabeça de Lênin.

Na verdade,pelos estudos feitos em torno da trajetória de Lênin revela-se que ele nunca pessoalmente se colocou contra esta revolução.E tal se cristaliza em 1903 com a separação entre bolcheviques e mencheviques patrocinada por ele.Retrospectivamente,Lênin era o unico que defendia esta visão no seio do movimento marxista,que se expressava na social-democracia,a qual ele pertencia.

A distinção supra-citada se manteve na social-democracia russa e o bolchevismo era uma parte bastante pequena do movimento.Até 1912 a social-democracia tinha os mesmos compromissos que Lênin pedia quanto à guerra iminente:no congresso de Basileia,o trato era manter a unidade do movimento operário e rejeitá-la.

Como se sabe em 1914 a social-democracia descumpriu com estas promessas deixando Lênin sozinho na posição de contestação do conflito,como algo deletério para o movimento operário.

A direita afirma que a participação dos bolcheviques na guerra era para organizar a derrota da Rússia,o quanto pior melhor como impulsionador da revolução,mas o que Lênin propugnou foi ensinar ao soldado russo o caráter imperialista da guerra e como ela favorecia os interesses das classes altas.

Também,como se sabe,Lênin permaneceu sozinho até a eclosão da revolução de fevereiro.A partir deste fato e de outros supervenientes pode ele por as suas teorias em prática,nem sempre com o leme na mão(em outro artigo eu tratarei disto).

Mas a verdade é que a origem teórica do pensamento revolucionário de Lênin admitindo que a Revolução podia ser na Rússia não contrariava o pensamento de Marx,segundo ele,mas contrariava,porque este último não a autorizou.

Muitas coisas que foram atribuidas a Lênin vieram depois da constatação dos problemas da Revolução Russa,com o stalinismo.Exceto por uma decisão de Lênin,se pode dizer que ele não possuia o conhecimento da visão de Marx:quando apoiou a tese da revolução permamente de Trotsky.

Mas não se sabe a base teórica própria de Lênin,ele apenas seguiu Trotsky.Certamente tinha compreensão de que a revolução comunista era internacionalista,mas isto não o impediu de fazer a revolução na Rússia e mantê-la.

Todas as reflexões são para citar a afirmação de dois autores,Luciano Gruppi e notadamente Deutscher,que dão conta de que Zasulitch “convencera” Lênin da viabilidade da Revolução num país atrasado.Deustcher ,em o “Profeta Armado”,vol. 1,tratando do periodo de formação inicial do partido bolchevique cita Vera Zasulitch como aquela que trouxe Lênin para a revolução na Rússia.

Se foi assim,Vera mentiu para ele e só agora podemos analisar este problema,porque temos as cartas trocadas entre Marx e os populistas e os rascunhos recuperados por Riazanov.

Não há duvida de que Vera recebeu a resposta e não s e sabe se passou para Lênin.Uma pesquisa a fazer.O que podemos pensar é que ela não passou e que esta narrativa é um pouco construida pelos pósteros e se tornou um chavão para fundamentar a legitimidade de 17:toda a vez que se coloca a ilegitimidade alguém cita a discussão com os populistas,mas a verdade é que Marx não aceitou estas condições.

O máximo de proximidade que se tem com esta opinião de Marx se vê no trabalho de Michel Lowy “ As Lutas de Classe na Rússia”,mas lá não tem o texto responsivo de Marx,não sei por que causa.

Até ao presente momento não há prova de que Lênin tenha lido este texto,o que o separa de Marx.


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Kruschev ,o relatório secreto e a reparação

 

Aqui começa  uma primeira especificação dos massacrados,uma sub-série.Pela primeira vez quero colocar o problema da violência do socialismo real contra pessoas inocentes.Eu sou o primeiro ,oriundo do comunismo ,a se pronunciar em favor disto aí ,em termos de reconhecimento autocrítico dos crimes cometidos pelo referido socialismo real.

Alguns amigos meus publicaram um livro pelo instituto Astrojildo Pereira sobre Kruschev e o relatório secreto.Ainda não li o livro,mas o que importa para mim é  que este é o ponto de partida do reconhecimento da necessidade de reparação financeira e juridica dos atingidos pelo totalitarismo soviético:se um dos seus realizadores,que é o secretário geral, reconheceu os crimes ,porque não fundamentar nisto a natureza da transgressão ocorrida nestes tempos?Porque não caracterizar estes atos como crimes,crimes contra os direitos humanos de cidadãos soviéticos?Porque não fundamentar neste (auto)-reconhecimento a reparação devida?

Esta reparação é uma reabilitação politica e financeira,como aconteceu aqui no Brasil.

A partir de Gorbachev muitas pessoas já foram reabilitadas,mas diante da quantidade,ainda falta muito.Putin ,no inicio de seu governo interminável,instituiu a comissão Iakovlev  para identificar as responsabilidades de Stalin nos crimes e concluiu pela sua inocência.

Já disse e vou dizer de novo:o regime atual na Rússia não é de orientação comunista,mas ele sofre com as mazelas do regime anterior e com os descaminhos da transição provocada em grande parte,na sua pressa,pelos Estados Unidos e Inglaterra.Putin nasceu e cresceu dentro deste sistema  e ele,por conseguinte,não tem como atentar contra o contexto em que ele foi formado.Senão, obviamente,ele mesmo é atingido.

Toda esta crise que atinge a Ucrânia tem a ver sim com a exigência da oposição em reparar os crimes da URSS.Quando Putin aplicou mais 15 anos de prisão para o maior oposicionista do país ele  o fez porque sentiu a sua base politica ruir.Então usou um diversionismo histórico conhecido:com a  guerra na Ucrânia ele retoma parte do apoio do nacionalismo russo tradicional e com uma guerra aparentemente interminável ,cria um perigo externo que cataliza certos outros setores da sociedade russa, aprofunda a ditadura,usando o aparelho repressivo para outros fins ,que não a guerra,ou seja, também no front interno.

Mas o ponto de partida juridico para se instituir comissões da verdade na Rússia é o reconhecimento de Kruschev no relatório.Não adianta vir agora dizer que foi o Instituto Astrojildo Pereira que fez.FUI EU.

 

 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

O que distingue um comunista de uma pessoa " comum" II

 

Os comunistas estão na voragem do tempo sim

O meu primeiro artigo com este mesmo titulo me causou inúmeros problemas ,principalmente entre os que eu critico,que,como sempre,não contra-argumentaram,nem ponderaram,mas vociferaram e xingaram.

Mas eu continuo,não tem problema...

O que os comunistas fazem de diferente é explicitar a necessidade de mudança,de utopia.Como eu disse, a primeira figura histórica comunista, considero Tommaso de Campanella,que tem este nome porque se considera uma campainha sempre tilintando ,para acordar os homens para este objetivo.É um herdeiro de outro quase  comunista,Diógenes,o que segurava a lanterna.

Contudo,como expliquei no outro artigo, esta auto-arrogada exposição não confere vantagem a ninguém,muito menos certeza e direitos de governo.É só uma atitude,uma voz que se ergue e que mal começou na sua jornada dificílima de afirmação e sucesso.

O comunista(sincero e bom[não são todos])é como uma figura histórica que se levanta ,procura interpretar o seu tempo e dirigir a sociedade para o que ele acha uma finalidade.Mas repito:o sucesso não está pré-dado e esta uma das contradições do missionarismo comunista.

Se o missionário religioso,cristão, tem diante de si a perspectiva da eternidade,na qual confia,o comunista não.

Tal verdade põe problemas que nem sempre ele  sabe resolver,aliás nunca sabe.Porque se tornam problemas de fundo psicológico,coisa que o militante não sabe abordar,uma vez que é guiado pela vontade,pelo esforço físico e do coração.Ele supõe que a utopia está ali na esquina.Precisa psicologicamente acreditar que sim.

E na medida,no entanto,que considera o futuro pré-dado a eventualidade do fracasso não é considerada,a eventualidade da negação idem e quando estas coisas sobrevêm,a frustração é tanta que a psicose se instala,a meta-história se instala e o comunista descobre tardiamente que o tempo é para ele também,que ele não o domina,como disse erradamente Allende,poucos minutos antes de se suicidar.O(a)único(a)comunista que eu vi se preocupar com o tema e conceituá-lo foi a indefectivel Erundina,afirmando que todo sonhador da Terra Prometida dificilmente a vê.

 


sábado, 30 de julho de 2022

Marx nunca apoiou a Revolução na Rússia IV

                     Comparação entre a Revolução Francesa e a Russa


Uma das chaves para compreender o papel essencial das revoluções autênticas da humanidade é que elas são humano-universais.Isto se deu com a Revolução Francesa,com as Revoluções inglesas e naturalmente com a Revolução Russa.

No entanto,num certo sentido as Revoluções Russa e Francesa estão interligadas porque a segunda influenciou muito a primeira,através de Marx e o operariado francês.

Uma revolução como a francesa tem um problema crucial:ela , quer queira quer não,se espraia.Muita gente não entende porque Napoleão fez tantas guerras,porque a “vontade” dele foi esta...

Se existe alguém que desejasse mais a paz e um poder consolidado era ele.As guerras napoleônicas foram feitas contra ele e como decorrência da influência da Revolução,da qual ele era herdeiro.

Quantas tentativas Robespierre fez para que a a Revolução ficasse nos limites da França.E quando Napoleão chegou ao poder ,escreveu uma constituição,com a qual pretendia consolidar as conquistas da Revolução.

Mas o problema é que em outros lugares da Europa,onde ainda havia opressão aristocrática ,muitos povos queriam aderir a ela e a seus principios.Tal desejo desestabilizava o continente e fazia de Paris um irradiador de agitações.Por isso estas guerras.

Stalin,ao defender o socialismo em um país(mas debaixo dos panos açulando internacionalismo),queria o mesmo que Robespierre e Napoleão,sem chance de sucesso.

Bem ou mal a Revolução Russa interessa a determinados setores oprimidos no Ocidente.Apesar dos crimes e violências, parcelas do Ocidente seguiam-na.

No artigo anterior ,em que citei um texto de Engels sobre a Revolução Internacional,apresenta-se a solução destes desequilibrios gerais por causa de centros de agitação como Paris e Moscou:Napoleão não teve como estabilizar a Revolução da qual se beneficiava e garantir o seu poder e a Revolução Russa acabou por se estiolar neste socialismo nacional.Marx e Engels ao pensar numa Revolução primeiro no Ocidente ,sabiam que se esta fosse bem sucedida e pudesse desenvolver os recursos do capitalismo em nivel estratosférico,teria como ajudar aos povos atrasados.

A revolução francesa ,espalhando-se pela Europa através do cavalo de Napoleão,só possuia um jeito de ajudar a liberar poucas pessoas e grupos,mas uma,socialista,se crescesse em força,em dinheiro,em capacidade produtiva ,ajudaria os menos favorecidos de todos lugares numa perspectiva tal que isolaria as elites destes povos mais atrasados.

Imagine uma Europa ocidental forte chegando na Rússia para auxiliar os camponeses?Este é o sentido real de todo internacionalismo bem fundamentado,não aquele que começa com povos atrasados economicamente,mas nos evoluidos e com um senso de solidariedade socialista.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Marx nunca autorizou a revolução na Rússia III

 

Corroborando os artigos anteriores em que desmistifiquei para o público interno aquilo que já era sabido em muitos lugares e por muitos autores,que é o caráter distópico da Revolução Russa,trago um terceiro artigo fundamentando ainda mais com os clássicos do marxismo,esta minha assertiva.

Desta vez exponho afirmações de Engels ainda mais antigas do que as de Marx no final da vida.Trechos de Do socialismo utópico ao científico” confirmam que aquelas afirmações já contidas na Ideologia Alemã e publicadas por mim em A Ponte I,permaneceram como bases teóricas dos dois pensadores a vida deles inteira.Engels diz,num determinado momento:


Quer dizer só com bases objetivas,econômicas ,produtivas,que possibilitem a implantação do comunismo(não socialismo)de maneira rápida e a menos traumática desejável,é que se fará uma revolução.

Na parte de cima da citação de Engels nós vemos a repetição daquele mesmo trecho da Ideologia(parte dedicada ao comunismo)em que Marx se refere ao fato de que uma revolução comunista nacional não tem como prosperar e,fazendo até uma afirmação premonitória,profetiza que uma situação assim levaria a um socialismo místico e religioso(foi o que se viu com as liturgias politicas e com o culto à personalidade).

Engels chega a citar países e regiões que seriam minimante necessários para uma revolução:Inglaterra,America,Alemanha e França.Inglaterra,dizemos nós,pela classe operária mais organizada naquele então;América pela enorme capacidade produtiva(até hoje);a Alemanha,porque tinha o partido mais numeroso e preparado,a vanguarda do operariado;e a França ,porque tinha um pouco de todos eles.

Engels ,como já demonstrei,renunciou bem no final da vida,como tantos outros,aos critérios revolucionários subentendidos neste livro.Em próximo artigo tratarei disto,mas ,com este ou outro método,a revolução(não só em sentido político),de tipo comunista,precisa destas bases econômicas,que no capitalismo,são internacionais e,digo eu,preenchendo uma lacuna do pensamento de Marx e Engels,de bases subjetivas.

Tanto para Marx quanto para Engels,bastava esta base,compreendida pelo operariado(o termo científico,sociológico,é este,não proletariado,que é uma denominação pejorativa dada pela burguesia do século XIX)e a vontade ,depois da tomada de consciência ,de revolucionar a sociedade(se alguém dissesse isto,depois do advento da URSS e seu respectivo cânon,seria tachado de idealista,com as consequencias mais terríveis possíveis).

Mas o fato é que de 1848 até à morte de Engels,ambos nunca se referiram a uma revolução nacional,que é o que se tornou(conforme prova o historiador Ernst Nolte),por sua condição distópica,a revolução russa,que não deveria ,por isto,ter acontecido.